O ministro Adjunto Pedro Siza Vieira
abriu uma empresa imobiliária um dia
antes de ir para o Governo (o que é uma audácia),
fez-se sócio-gerente (o que é uma
cegueira),
entrou em incompatibilidade (o que é
uma imprudência),
corrigiu a situação algum tempo
depois (o que é um atraso),
recusou dar explicações totais sobre
o caso (o que é uma insensatez) e, finalmente,
foi resgatado pelo
primeiro-ministro, que assegurou no parlamento que se tratou apenas de um
lapso.
mas
o Pedro Siza Vieira
foi “Professor Convidado da
Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa e da Universidade Nova
de Lisboa”,
foi “formador em pós-graduações e
cursos promovidos por diversas instituições”,
foi sócio de duas grandes sociedades
de advogados,
“integrou as listas de árbitros” de
inúmeros centros de arbitragem jurídica e
“integrou vários grupos de trabalho
responsáveis pela elaboração de anteprojetos legislativos”.
.
Tudo isto é o seu currículo, mas nada disto é o currículo que conta.
Há uns meses, Pedro Siza Vieira fez
uma declaração ao Expresso sobre António Costa que é a chave da sua
existência — e da sua sobrevivência — política: “Somos amigos. Dou-me bem com
ele e gosto muito dele”. (in
“Para
os amigos, tudo. Para os inimigos, a lei” por Miguel Pinheiro)