quarta-feira, 30 de maio de 2018

Isto é que é um CV: “Somos amigos. Dou-me bem com ele e gosto muito dele”.

O ministro Adjunto Pedro Siza Vieira
abriu uma empresa imobiliária um dia antes de ir para o Governo (o que é uma audácia),
fez-se sócio-gerente (o que é uma cegueira),
entrou em incompatibilidade (o que é uma imprudência),
corrigiu a situação algum tempo depois (o que é um atraso),
recusou dar explicações totais sobre o caso (o que é uma insensatez) e, finalmente,
foi resgatado pelo primeiro-ministro, que assegurou no parlamento que se tratou apenas de um lapso.
mas
o Pedro Siza Vieira
foi “Professor Convidado da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa e da Universidade Nova de Lisboa”,
foi “formador em pós-graduações e cursos promovidos por diversas instituições”,
foi sócio de duas grandes sociedades de advogados,
“integrou as listas de árbitros” de inúmeros centros de arbitragem jurídica e
“integrou vários grupos de trabalho responsáveis pela elaboração de anteprojetos legislativos”.
.
Tudo isto é o seu currículo, mas nada disto é o currículo que conta.

Há uns meses, Pedro Siza Vieira fez uma declaração ao Expresso sobre António Costa que é a chave da sua existência — e da sua sobrevivência — política: “Somos amigos. Dou-me bem com ele e gosto muito dele”. (in “Para os amigos, tudo. Para os inimigos, a lei” por Miguel Pinheiro)