Tem-se tornado cada vez mais
evidente que o Brexit, elevado nos media a vitória da vontade
popular, foi uma grande derrota da democracia.
(e como o golpe fez escola, em breve
veremos quem, na Catalunha, aprendeu esta lição!)
.
“Já se sabia da violação dos
procedimentos próprios de uma república democrática – uma decisão de
soberania nacional foi legitimada por maioria simples num referendo que, na
prática,
dividiu a população em duas metades
[...]. Agora, foi exposto também o logro na base do acordo para a saída do
Reino Unido: a campanha eleitoral pró-Brexit convenceu os britânicos a votar a
favor de algo que, na realidade, não irão obter. Ou seja, meio país foi
enganado.[...]
Como é que se chegou aqui?
Simples: caindo no populismo guiado
por emoções, cedendo ao irrealismo das soluções simplistas, entregando o debate
público às redes sociais, confundindo insatisfação com repúdio pelo projecto
europeu, e convencendo a população de que a negociação levaria a um
entendimento que, na realidade, é impossível. No fundo, através de uma
deturpação do debate público que fragilizou a democracia britânica.
Eis,
portanto, a lição do Brexit: ignorar os procedimentos republicanos e autorizar
a manipulação do debate público só serve para, sacrificando o povo e
instrumentalizando o voto popular, legitimar uma agenda política. E como o
golpe fez escola, em breve veremos quem, na Catalunha, aprendeu esta lição.”