o Almeida Correia que em Lisboa
usa o nome de Fernando Medina diz que precisa de todos nós, lisboetas, e encheu
a cidade de cartazes de fundo branco, vazio, preenchido com duplas fotografias
de apoiantes emparelhados, cujos ombros se sobrepõem e diluem no efeito gráfico
das cores nacionais justapostas, como que a criarem a ilusão patriótica de que
uns não existem sem os outros. [...]
o Almeida Correia (que em
Lisboa usa o nome de Fernando Medina) não aparece nos cartazes, mas sabemos bem
o que grita dia após dia aos lisboetas de Lisboa: vâo-se embora! Não têm lugar
aqui, na cidade onde trabalham e moram. Lisboa é para os turistas e para os ‘da
noite’. Ponto.
[...]
mas os lisboetas, esses, ficaram sem
casas com rendas acessíveis, sem faixas de rodagem nas estradas onde precisam
mesmo de circular, sem lugares para estacionamento e sem transportes públicos
eficientes.
( em “Nós, os estrangeiros” por Laurinda Alves)