O que aconteceu com o paiol de
Tancos foi realizado por quem sabe e tem capacidade para o fazer, não olhando a
meios, incluindo, muito provavelmente, a eliminação de quem, eventualmente, se
lhes opusesse. Poder-se-á aventar a hipótese que, se por acaso, a ronda militar
apanhasse em flagrante este grupo, muito provavelmente seria neutralizada ou
até eliminada. E sabem porquê? É que as sentinelas nos nossos quartéis andam
sem carregadores municiados nas armas e apenas dispõem de um outro, nas
cartucheiras, com poucos cartuchos e lacrado. Em resumo: não podem defender as
instalações que lhes são confiadas e mesmo que o queiram: retirar o carregador
vazio, deslacrar o que levam na cartucheira, colocá-lo na arma e disparar é uma
impossibilidade, porque antes - já foram "desta para melhor".
E isto a que é devido? A uma
directiva política que proíbe os militares de defenderem o que é da sua
responsabilidade. Não têm cobertura legal e, por conseguinte, há uma ausência
de regras de empenhamento conformes que lhes dêem a capacidade de serem
oportunos no cumprimento da a sua missão com eficiência e eficácia. Assim,
actualmente, se uma sentinela, no exercício da sua missão, disparar a sua arma
em defesa do pessoal, das instalações ou do material que lhe estão confiados,
uma coisa é certa: está metido numa encrencada que pode resultar na sua prisão
e pagar grossa indemnização ao(s) "coitado(s)" de um ou mais assaltantes.
( por Coronel António Feijó in "DEIXEMO-NOS DE FANTASIAS")