Erros urbanísticos que agora se pagam muito caro
Os madeirenses que vivem na Baixa do Funchal tentam reorganizar a vida, depois de verem casas inundadas, carros abalroados, estradas e pontes destruídas. Os que moram nas zonas altas nem querem imaginar o que vão encontrar quando descerem a encosta até à Marina. E há quem aponte o dedo às opções urbanísticas, como os ambientalistas
"A forte pluviosidade contribuiu para o que aconteceu, mas não é a única causa. Há um agravamento da situação devido aos erros do ordenamento do território que se têm cometido na ilha, em participar na costa sul que é a zona onde reside mais de um terço da população", critica Hélder Spínola, dirigente da Quercus na Madeira.
Por dois milhões de euros poder-se-ia ter previsto a tragédia de tão grande dimensão na Madeira, ilha que agora ficou desfigurada. Ao DN, o presidente do Instituto de Meteorologia (IM) disse que a Madeira não tem um radar meteorológico - que pode prever estas situações entre quatro a cinco horas antes -, por falta de dinheiro. Ainda há quatro dias, Adérito Serrão alertou para tal necessidade aquando de uma visita ao Funchal. A sua opinião mantém-se.
"O facto de não termos um radar meteorológico na Madeira dificulta a previsão destes fenómenos que poderiam ser antecipados entre quatro a cinco horas de tudo acontecer, já que o aparelho abrange uma distância de 150 a 200 quilómetros", assegurou ontem ao DN Adérito Serrão, admitindo que o modelo usado a nível de previsões "pecou por defeito".
Primeiro-ministro garantiu apoio financeiro a João Jardim
Ao final do dia, o ministro da Administração Interna e o promeiro-ministro partiam em direcção ao Funchal. Chegaram ao arquipélago por volta das 21.00, preparados para visitar os locais mais afectados. Uma das primeiras visitas foi à rotunda do Centro Comercial Dolce Vita, que ruiu devido à força das águas da ribeira de São João.
Em tempo de tragédia, as divergências políticas ficam, aparentemente, "de molho". Ontem, em conferência de imprensa, o presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim agradecia ao Governo os apoios, "incluindo financeiros" que Sócrates garantia canalizar para ultrapassar os danos causados na ilha.
E avançava ainda que Durão Barroso, em Bruxelas, também iria assegurar o apoio da União Europeia ao arquipélago.