sábado, 1 de abril de 2023

“Se túneis de drenagem já existissem, cheias não teriam acontecido” Carlos Moedas

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa afirmou esta quinta-feira que se os túneis de drenagem já existissem, as inundações e cheias da noite passada na capital não teriam ocorrido. Carlos Moedas lamenta que tenham demorado 20 anos a pôr o plano em prática.
“Tivemos um evento completamente extremo. Numa hora choveram 44ml, que é uma brutalidade”, começa por dizer Carlos Moedas, acrescentando que este é um problema que já existe há muitos anos e que é “triste” que as obras para o resolver tenham demorado tanto tempo a avançar.
O autarca garante que foi feito tudo o que era possível e que os serviços municipais tinham, inclusive, mandado limpar todas as sarjetas da cidade, mas que nem isso foi capaz de evitar o que ocorreu na noite passada.
PORQUE É QUE LISBOA INUNDA CADA VEZ QUE CHOVE MAIS?

“Lisboa foi construída em cima de rios. Alcântara era uma ribeira, a Avenida da Liberdade era uma ribeira. [Na altura] não foi estruturalmente pensado como ir buscar a água da chuva e lavá-la até ao rio sem estas cheias”, começou por explicar.

Carlos Moedas diz ainda que a cidade tem dois pontos altos: Monsanto e Chelas, de onde a água desce até à parte baixa da cidade. “Tudo conflui” e, sem um sistema de drenagem adequado, acaba por gerar inundações.
COMO RESOLVER?
O plano de drenagem prevê a construção de dois túneis com início exatamente nos dois pontos altos da cidade. O primeiro túnel, com 17 mil metros cúbicos de capacidade, servirá para escoar a água de Monsanto para Santa Apolónia. O segundo entre Chelas e o Beato.

“A água quando chega a Monsanto normalmente vai para Alcântara. Vamos conseguir que a água entre neste túnel”, indicou Moedas.
OBRAS SÓ ARRANCAM EM MARÇO. PORQUÊ?

O presidente da Câmara de Lisboa explica que já chegou a Portugal a tuneladora que vai ser usada para construir os dois túneis, mas que a dimensão desta atrasa a sua montagem.
“[As obras] só começam em março porque não se consegue montar a tuneladora antes”, revelou.
Carlos Moedas alertou ainda que as obras, a começar em março de 2023 e com término previsto para 2025, vão dar “muito trabalho” e “impedir o trânsito” em várias zonas da cidade.
No futuro, a água que os túneis recolherem será usada para lavar as ruas e fazer a rega dos espaços verdes, de forma a criar “uma cidade mais sustentável”, disse Moedas.

QUE APOIOS PARA A POPULAÇÃO?

Para concluir, Carlos Moedas revelou que durante a noite desta quinta-feira será feito um levantamento dos prejuízos para, esta sexta-feira, apresentar à ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, que vai reunir com os municípios mais afetados.
“A Câmara fará a sua parte, mas não podemos estar sozinhos. Vamos pedir ajuda. Precisamos que o Estado participe, são muitos milhares de euros”, finalizou.