A
demonização do sindicato dos motoristas (aliás, também
feita pelo PCP, que os culpa pelo pontapé no direito à greve a que acabámos
de assistir) por quem sempre se sentou à mesa dos ricos e poderosos é um traço
populista de quem sabe que há classes que se pode humilhar e outras que não.
Gente que quando está doente ou se reforma recebe menos de 600 euros por mês é
evidente que se pode humilhar. [...]
Tudo
o que se passou nesta semana intensa, com
declarações de serviços máximos, recursos à
Procuradoria-Geral da República, conferências de imprensa, visou
criar o pânico e o ódio na opinião pública contra o sindicato selvagem.
Seguiu-se no sábado o Conselho de Ministros em mangas de camisa, a reunião da
Protecção Civil, depois a ida de António Costa à Entidade Nacional para o
Sector Energético, a conversa telefónica com o general com quem esta
segunda-feira se vai reunir, e, como cereja, a declaração ameaçadora de que o
não cumprimento da requisição civil é crime: “A
violação da requisição civil constitui um crime de desobediência”. [...]
... o
povo do PS, que ignorou ou quis ignorar o caso Sócrates, exalta-se com o
advogado dos camionistas. Uma tristeza. (in “Agit-prop
sem vergonha nenhuma” por Ana Sá Lopes)