segunda-feira, 12 de agosto de 2019

agitprop - sem vergonha-nenhuma...


A demonização do sindicato dos motoristas (aliás, também feita pelo PCP, que os culpa pelo pontapé no direito à greve a que acabámos de assistir) por quem sempre se sentou à mesa dos ricos e poderosos é um traço populista de quem sabe que há classes que se pode humilhar e outras que não. Gente que quando está doente ou se reforma recebe menos de 600 euros por mês é evidente que se pode humilhar. [...]
Tudo o que se passou nesta semana intensa, com declarações de serviços máximos, recursos à Procuradoria-Geral da República, conferências de imprensa, visou criar o pânico e o ódio na opinião pública contra o sindicato selvagem. Seguiu-se no sábado o Conselho de Ministros em mangas de camisa, a reunião da Protecção Civil, depois a ida de António Costa à Entidade Nacional para o Sector Energético, a conversa telefónica com o general com quem esta segunda-feira se vai reunir, e, como cereja, a declaração ameaçadora de que o não cumprimento da requisição civil é crime: “A violação da requisição civil constitui um crime de desobediência”. [...]
... o povo do PS, que ignorou ou quis ignorar o caso Sócrates, exalta-se com o advogado dos camionistas. Uma tristeza. (in “Agit-prop sem vergonha nenhuma” por Ana Sá Lopes)