A fazer fé no próprio,
António Costa gaba-se de ser do PS desde os 14 anos. Ou seja, talvez tivesse
estado na Alameda, em Lisboa, pela mão de alguém em Julho de 1975. Aí, Soares
tratou a tropa radical e o PC como "paranóicos" e "energúmenos",
a mesmíssima dupla que redigiu a lei da requisição civil de que Costa se serviu
recentemente.
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Costa
agiu na fronteira da não democracia e do desrespeito pelas liberdades públicas
quando mobilizou o aparelho do Estado para um exercício autoritário do poder
público contra o direito constitucional à greve. Sabe que o pode fazer porque
há quatro anos meteu o PC, o radicalismo bloquista e os bobos do sindicalismo
oficioso da CGTP e da UGT no bolso. Fá-lo com a cumplicidade de uma Comunicação
Social deliberadamente acrítica e serventuária. Apoia-se no recuo pontual de
funções "autónomas" de soberania como as da PGR. [...]
De
Marcelo, não vale a pena falar. Só de coisas sérias. A abdicação cobarde diante
do poder fáctico de Costa, significa que o evento "greve de
motoristas de matérias pesadas" transcendeu as barreiras
"tradicionais" entre esquerdas e direitas. Separou, e ainda bem, os
inimigos das liberdades públicas, os ditos "profissionais" e
"donos" da democracia, dos que à Esquerda ou à Direita defendem uma
democracia liberal limpa. (in A
Natureza do PS” por João
Gonçalves)