[Aqui se demonstra que jornalisticamente
o normal é ser-se dos “deputados acumuladores” e que a Deputada Rubina faz
parte do grupo que “morde o cão”...]
.
A deputada Rubina
Berardo, que mais não fez do que assumir um comportamento ético e honesto que
devia ser a regra dentro da Assembleia da República, acaba destacada e elogiada
por isso.
[Como se tal não fosse
(ou devesse ser) regra de comportamento daqueles que nos representam.]
.
Um dos critérios mais
comuns do jornalismo é o da anormalidade: [um exemplo classico é o do “homem
que mordeu o cão!]
Notícia é tudo aquilo
que, sendo de interesse público, sai do padrão, foge ao que a maioria espera ou
contraria o que é natural que aconteça.
[Será? Reparem:]
O tema é o dos
“deputados acumuladores”, os que recebem dois subsídios pagos para a mesma
despesa.
Ao lado da notícia sobre
o lucro pessoal que Carlos César tira com dinheiros dos contribuintes quando
viaja para os Açores, o Expresso publicou, numa coluna de alto a baixo, um
segundo texto. Título:
“Perfil –Rubina
Berardo”.
Primeira frase:
“Tornou-se conhecida na última semana por uma razão insólita: optou por não
abusar dos subsídios do Estado”.
...e segue,
explicando que foi a
única dos 12 deputados das regiões autónomas que decidiu nunca tirar proveito
próprio de subsídios que existem para ajudar nas despesas de deputados ou
residentes na Madeira e nos Açores.
[isto é]
O que o jornal Expresso fez foi identificar e destacar o
comportamento atípico neste caso [morder o cão!].
Que seja outro o que
devia ser o comportamento padrão, ilustra bem o ponto em que estamos! (in “A culpa é do populismo que isto é tudo gente séria”
por Paulo Ferreira
)