O relatório independente,
encomendado pelo FMI, diz que o fundo desenhou o Programa da troika partindo de
um diagnóstico errado:
A Portugal faltava poupança, não
competitividade…
Depois de um programa de ajustamento
aplicado durante três anos, com exigências duríssimas para a população e
consequências muito graves para o desenvolvimento económico do país — a
recessão foi muito mais profunda do que o previsto — Portugal conseguiu
resolver os seus problemas e ganhar sustentabilidade?
Os peritos do Gabinete Independente
de Avaliação do FMI são claros:
A nossa análise sugere que a
sustentabilidade da dívida pública de Portugal é frágil: choques adversos
modestos sobre a economia portuguesa ou aumentos discricionários do défice
orçamental podem facilmente lançar o rácio de dívida pública sobre o PIB num
caminho explosivo.”
Duas lições para o FMI
Primeiro, deve “repensar o
custo-benefício” de colocar metas ambiciosas. Portugal não cumpriu nenhum
dos objetivos que tinham sido fixados para o défice orçamental. Mais: o spreadentre
os juros da Alemanha e de Portugal alargou-se até 2012.
A segunda lição tirada pelos
peritos aponta para a necessidade de explicar melhor os riscos que um país que
participa na união monetária corre. “A troika nunca ponderou seriamente
reestruturar a dívida de Portugal”, lê-se no relatório. E nunca o fez porque,
na verdade, sabia que essa era uma solução inaceitável para a Comissão Europeia.
(in Observador)