“…agora que as presidenciais estão
resolvidas, o Orçamento do Estado tornou-se a coqueluche da política
portuguesa. O Governo apresenta um documento onde já cede aBruxelas, fazendo
descer o défice. Mas aComissão Europeia, a exemplo do Conselho de Finanças
Públicas liderado por Teodora Cardoso, não está muito convencida. Para já,
enquanto só têm o rascunho do documento, existe aquele silêncio que pode
anteceder tempestades ou… nada. Ao mesmo tempo, otribunal de contas europeu diz
que a crise foi mal combatida em países como a Irlanda ePortugal.
Diferente são as velhas senhoras, as agências
de rating. A Moody’s não vai no nosso otimismo e a Fitch ameaça mesmo cortar orating da República o que pode
ter consequências se a DBRS, a agência canadiana que nos mantém em nível
BBB (acima de lixo), decidir baixar também a nossa classificação. Nesse caso, o BCE não
poderia continuar a financiar os bancos portugueses, o que teria consequências
graves na economia. E ainda hoje chega a troika para mais uma
avaliação que levará em conta o muito que foi revertido, diz o 'Diário
Económico' enquanto o 'Público' elenca nove temas em que pode haver discussão.
Suspense...
Se não está a perceber bem o que se
passa, não se preocupe demasiado, é o que acontece a quase todos, economistas
e técnicos incluídos. Se acha que nos estão a tramar, leia o que diz João Galamba do PS ou os dirigentes do PCP e veja se concorda com eles. Caso
pense que o Governo está a dar cabo de tudo, junte-se aMaria Luís ao PSD e ao CDS e faça coro (Assunção
Cristas, candidata à liderança do CDS em périplo pelo país, propôs, em Leiria,
umOscar de melhor ficção para Costa e Centeno).. Se é
tão desconfiado quanto eu, saiba que este Governo, a exemplo de todos os
anteriores neste século, se propõe cortar 600 milhões de euros em…
gorduras do Estado. E, como se sabe, alguns impostos (combustíveis, tabaco,
selo) vão aumentar, tal e qual como fizeram todos os Governos que prometeram
não os aumentar – que foram mesmo todos. O último Executivo, que tinha
quase prometido devolver uma parte cobrada, também não devolve. A ex-ministra Maria Luís lamenta.
A este respeito, destaque para a manchete do 'Público': "Multas e taxas
cobradas pelo Estado cresceram 50% nos últimos 5 anos". Seria um excelente
número se não fosse o facto de serem os contribuintes a pagá-las. (por Henrique Monteiro no Expresso
Curto)
O certo, certinho é ainda termos crise e austeridade para uns tempos largos. O virar de página de que Costa tanto fala está longe do fim do capítulo.