(para
memória futura)
António Costa proclamou, no
Rato, que o actual governo cometeu sete pecados capitais.
A cada pecado capital que vislumbra
e anuncia, Costa confessa e proclama que, a governar, governará como o governo
grego de Tsipras: chamando «austeridade» às boas contas e apostando no
«investimento» com o dinheiro dos outros.
Segundo Costa,
O primeiro pecado foi a mentira, por
«ter prometido não subir os impostos que subiu e ter prometido não cortar os
salários que cortou». Como o grego inimputável, Costa branqueia os
milhões de dívidas e calotes escondidos que o governo de Sócrates, a que
pertenceu, deixou como legado. Não devíamos pagar, diz ele.
O segundo pecado, diz
Costa, foi «o desemprego, a precariedade e a emigração».
O terceiro, a «asfixia da classe
média».
O quarto, o «aumento da pobreza
e das desigualdades». Para Costa, como para o grego inimputável, os anos
de governação ruinosa não deveriam ter consequências, e a
correcção das contas públicas não devia ter sido feita.
O quinto pecado foi, segundo Costa,
o «desinvestimento na Educação, na Ciência e na Cultura». Para Costa são
virtuosas, sim, as «festas» perdulárias como as da Parque Escolar, os
«investimentos» como os das «Novas Oportunidades» e, obviamente, a
subsidiação dos amigos.
O sexto pecado, diz ele, foi o
«ataque aos serviços públicos, em particular na área da Saúde e da Justiça». A
OCDE já disse que Portugal fez, na Saúde, melhor com menos dinheiro, e
quanto ao «ataque» na Justiça deve ser isso que Costa chama a toda a
racionalização e poupança.
O sétimo pecado, diz Costa,
foi a «quebra de mais de 20% no investimento, quer público, quer
privado». Ora este não é, na verdade, um pecado do governo, é antes um
sintoma de Costa: o sintoma de que não percebeu nada, não se arrepende de nada
e, como Sócrates, quer despejar dinheiro nosso nos problemas dele.
No fim de um mandato em que herdou
uma bancarrota socialista o Governo conseguiu um défice abaixo de 3% e um saldo
primário positivo, a baixa do desemprego, a reestruturação discreta da dívida,
uma almofada financeira para distúrbios nos mercados, um brutal e consistente
aumento da contribuição das exportações para o PIB, a melhoria da
competitividade da economia, o saneamento de cancros económicos como a
TAP, os transportes públicos ou os Estaleiros de Viana (para além do
desmembramento dos dois maiores coitos de malfeitores no país). Para Costa,
evidentemente, o governo «falhou os objectivos». Com a «alternativa» a que
Costa convida, Portugal conheceria, sem dúvida nenhuma, o
progresso luminoso da Grécia. (por José Mendonça da Cruz in Corta Fitas )