sábado, 3 de abril de 2010

O crime compensa

Os Estados salvaram os bancos e não exigiram contrapartidas. Os bancos recuperam uma renovada força contra os Estados. Saqueiam-nos beneficiando da revelação das torpezas que lhes recomendaram. Porque, quando o crédito público diminui, as taxas de juro dos empréstimos aumentam… Foi assim que a Goldman Sachs ajudou a Grécia, em segredo, a obter crédito no valor de milhares de milhões de euros. Depois, para contornar as regras europeias que limitavam o nível da dívida pública, a firma de Wall Street aconselhou Atenas a recorrer a engenhosos artifícios contabilísticos e financeiros. A factura destas inovações veio em seguida adensar a volumosa dívida grega. Quem ganha, quem paga? Lloyd Craig Blankfein, presidente do conselho de administração da Goldman Sachs , acaba de receber um bónus de 9 milhões de dólares enquanto os funcionários públicos helénicos vão perder o equivalente anual a um mês de salário. Serge Halimi em Le Monde Diplomatique Dificilmente se poderá separar da Grécia o caso Português e, também, do de outros PIGS. Eventualmente, acredito, Portugal não estará envolvido nos esquemas da Goldman Sachs mas tenho que admitir que isso poderá ter acontecido em algo de semelhante. A pressão para avançar com os "grandes projectos" será a ponta do iceberg de situações semelhantes. Por muito baixos que sejam os impostos pagos pela “nossa” banca, são vultuosos para um Tesouro mais que falido. Para sobreviver e publicitar os lucros que recentemente publicaram, os bancos nacionais têm que financiar as grandes empresas de obras públicas que, para sobreviverem e publicitarem lucros, terão que executar as grandes obras e pagar juros milionários á banca e às seguradoras, claro, da banca. Um enorme circulo vicioso que só os ingénuos e os “apóstolos” teimam em aceitar… A talhe de foice para os, ainda, "apóstolos": Barack Husein Obama, questionado sobre os bónus de Lloyd Craig Blankfein, não se deixou impressionar: «Como a maioria dos americanos, eu não censuro o êxito nem a fortuna. Fazem parte da economia de mercado». Interessante!