quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O regresso da “desinformação”

Embaixador utilizado para 'lobby' no Freeport Um documento interno da Freeport, a que o DN teve acesso, diz que após um encontro, em finais de 2001, de Sean Collidge, antigo presidente da administração, com o antigo embaixador português em Inglaterra o " 'lobby' em Lisboa melhorou". Ingleses queriam contacto com secretários de Estado de Sócrates para "aplicar mais pressão" na aprovação do projecto. DN Achei estranho deparar com esta noticia no oficioso Diário de Noticias. Algo teria que estar errado. Continuando a ler percebi que o que o diário pretendia era divulgar três ideias-chave: uma imediata, as outras para futuro. Vejamos a primeira: Em Portugal, as despesas do lobby político foram entregues a Lady Glyn Evans, então embaixadora inglesa em Lisboa. A diplomata, em 2001, terá feito algumas diligências para promover uma reunião entre os administradores ingleses do Freeport e o então ministro do Ambiente, José Sócrates. Mas não conseguiu. Daí, tal como o DN já tinha adiantado, nos documentos da Freeport há uma referência a José Sócrates como a "integridade em pessoa". Esta informação foi transmitida pela embaixadora inglesa aos administradores. DN apenas se pretende salientar a importância das palavras "integridade em pessoa". E, agora qual a segunda ideia-chave que importa transmitir ao leitor: Estes novos dados podem ser importantes para a investigação do caso, a cargo de dos procuradores Vítor Magalhães e Paes de Faria do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, para se perceber a fronteira entre o lobby e o tráfico de influências. DN Aproveita-se a oportunidade para lançar a novidade que vai surgir no, e se acontecer, futuro procedimento judicial: “trafico de influencias” é crime, mas “lobby” não o é. Para finalizar a terceira ideia-chave: Actualmente, o processo tem seis arguidos: Charles Smith e Manuel Pedro, José Dias Inocêncio, Carlos Guerra, João Cabral e José Manuel Marques. DN Porque é preciso relembrar aos leitores quem não está constituído no processo. Quase que me tinha esquecido que em informação é possível trabalhar desinformação (ou contra-informação) uma área muito usada pelos regimes totalitários (nazi, soviético, apartheid, cubano) e pouco usada nas democracias ocidentais. Se se comparar este texto (do DN) com este (no Público) percebem-se as diferenças. Aquele é desinformação, este é noticia. Lembro-me que no DN a desinformação foi de uso e abuso no periodo menos democrático de 1975 e só acabou com o 25 de Novembro e a saída do Director de então.
Estará de regresso?