domingo, 2 de agosto de 2009

Todos diferentes, mas todos iguais! - Estado Sentido

com as devidas vénias reproduzo um post do Estado Sentido:
"O verão é assim a tal silly season, quando nada de especial acontece, à parte a exibição de barrigas nas praias in do Allgarve e de num ou noutro conhecido caso, surgirem periódicas proibições de circulação no espaço aéreo. Assim, qualquer notícia da chamada política caseira torna-se num mero 'encarte' para preencher o papel dos nossos pouco lidos jornais, concorrendo com as especializadas Olás, Flash, Nova Gente ou de forma mais escondida, da popularíssima Maria. Louçã teve (!) um avô, o dr. Neves Anacleto, patriota que em Moçambique se opôs à rápida entrega do Ultramar no período dos acontecimentos de 7 de Setembro de 1974. Louçã tem um pai, antigo comandante da Marinha, pacifista tão assumido que segundo se diz "por aí", se recusou a disparar os canhões, devido às furtivas cores de um certo pull-over em pleno Terreiro do Paço. Louçã tem um irmão que após passar um tempo infinito a forçar a prova da prosmiscuidade da transumância do ouro "judeu" entre Salazar e Hitler, decide-se volta e meia, a tecer considerações anti-sionistas que não lembrariam nem ao senhor Rosenberg. O tal Rosenberg que foi Reichsminister e não o outro, de homónimo apelido e que foi marido de Ethel . Finalmente e talvez mais relevante que o anteriormente dito, o sr. Louçã também tem mãe! O Trancão do Pensamento é assim uma criatura absolutamente normal, comum como qualquer um de nós. Presume-se que à hora de chegar a este mundo, tenha deslizado para fora do canal anatómico que a todos os humanos irmana na origem. Deve ter-se alimentado exactamente da mesma forma que tu, eu e os outros biliões de eles que povoam o planeta, uns mais sôfregos que outros. Provavelmente terá levado as mesmas palmadas no rabo por qualquer travessura praticada. Hipoteticamente terá feito birras, chorado baba e ranho, recusado comer a sopa de feijão, ou lavar os dentes três vezes por dia. Em tudo isto, nada fazia adivinhar a genialidade e uma personalidade única e infalível a que com o decorrer dos anos foi habituando os portugueses. Nunca se engana, tem sempre razão e não falha. Os seus oponentes são todos burgueses corruptos, imbecis semi-iletrados, devassos morais não assumidos, vigaristas de comarca de quarta categoria, onde os laços familiares de corte mafioso se confundem com a própria identificação ideológica no espectro político. Enfim, uns degenerados que corroem o sistema e impedem o povo de calmamente gozar a sua vidinha. Pelo que parece, afinal somos todos iguais e no seu caso, ainda mais igual que os demais. O senhor Louçã tem uma mãe assessora*." Que bom... Que alívio! * Não vale a pena vir agora dizer que se chama "Noéminha"!
esta é a vantagem de ainda conseguirmos ter uma "area de liberdade" onde podemos desfrutar da informação não condicionada. Por quanto tempo?