Essencialmente de quem perdeu votos e, por ordem:
Bloco de Esquerda (-157.083 votos). Elegeu Catarina Martins, mas, com 168.010 votos, perdeu quase metade dos eleitores e um eurodeputado em relação a 2019, passou de 9,8% para 4,2% dos votos e tornou-se o 5º maior partido quando foi 3º nas europeias anteriores;
PAN (- 119.183). A votação passou de 5,1% para 1,2%, baixou de 5º para 9º maior partido e o número de votos teve uma queda para 48.032, menos de um terço do resultado das eleições europeias anteriores. Perdeu o único eurodeputado que tinha, o que na prática já tinha perdido após Francisco Guerreiro ter abandonado o partido um ano depois de eleito, conservando o cargo de eurodeputado;
CDU (-65.314). A coligação entre comunistas e Os Verdes manteve um de dois eurodeputados apesar de descer de 6,9% para 4,1% da votação. Com 162.731 votos passou de 4ª para 6ª força mais votada;
Nós Cidadãos (-30.395). O partido passou de 34.634 votos em 2019, quando foi liderado pelo ativista Paulo de Morais, para 4.239 este ano, ou seja, uma redução de 88% na votação. Passou de 9º maior partido em 2019 para 17º e último nesta eleição;
Ergue-te (-7.595). Era PNR em 2019 e obteve 16.135 votos, 0,5% do total. Agora baixou para 8.540 votos, quase metade, mas subiu de 12º para 11º na lista geral;
PTP (-4.106). O partido reduziu votação para 4.306, pouco mais de metade em relação a 2019, passou de 0,25% para 0,1% e manteve-se em penúltimo lugar, este ano 16º, entre os participantes às Europeias;
MAS (-1.533). Conseguiu 5.079 votos, reduziu de 0,2% para 0,1% da votação, mas subiu de último em 2019 para 14º este ano;
Partidos que não concorreram (-102.371). Este ano não concorreu o Aliança que, com Paulo Sande a liderar, tinha sido o 6º partido mais votado em 2019 com 61.652 votos, igual a 1,86% do total. Também ausente esteve o histórico PCTP MRPP que tinha obtido 27.211 e o 11º lugar. O PURP, que tinha obtido 13.508 votos, também não foi a votos este ano;
Brancos e Nulos (-150.811). A seguir ao BE, a redução mais significativa foi nos votos brancos que foram 4,25% dos votos em 2019 e agora desceram para 1,2%, numa quebra para apenas 47.420 deste tipo de indecisos, menos 93.224 relativamente a 2019. Também os votos nulos desceram 57.587 unidades para 30.512, baixando de 2,6% para 0,8% do total de votos.
Abstenção: A grande perdedora. (-640.717). Mais portugueses votaram em relação a 2019 entregando 3.948.361 votos e fazendo a afluência aumentar de 30,7% para 36,6% do total. Os inscritos também aumentaram 73.380 pessoas para um total de 10.830.572. No entanto, a afluência em território nacional subiu para 3.916.668 votos, uma participação de 42,2%, maior que de 35,3% de 2019. Já a votação no estrangeiro, onde estavam inscritos 1.515.935 portugueses resultou numa participação de 29.727 votantes, uma abstenção de 98%. Ainda assim foi melhor que a abstenção de 2019 que atingiu 99%. Nesse ano, apenas votaram 13.406 pessoas de 1.400.322 inscritas.
Para onde foi exatamente cada um destes votos perdidos não se consegue apurar na análise numérica, mas verificando o sentido positivo dos mesmos 1.279.908 votos, é possível apontar para onde foram:
Chega (+337.232). Em 2019 o cabeça de lista da coligação Basta foi André Ventura, numa união transitória com pequenos partidos, enquanto esperava a aprovação do Chega. Nesse ano, o Basta teve 43.388 votos, 1,49% do total sendo o 8º maior partido. Em 2024, já como partido Chega, conseguiu o 3º lugar, multiplicou 9 vezes o eleitorado com 386.720 votos, igual a 9,8% do total e elegeu dois eurodeputados.
Iniciativa Liberal (+329.147). O partido conseguiu dois eurodeputados e passou de 29.114 votos em 2019 para 358.261 votos em 2024, 12 vezes mais. Há 5 anos foi a 10ª força mais votada e agora foi a 4ª;
AD +(298.089). PSD e CDS concorreram isolados em 2019, enquanto o PPM estava na coligação do Basta. Em conjunto obtiveram então 930.191 votos, 28,1% dos votos e conseguiram 7 eurodeputados. Este ano a votação atingiu 1.228.280, a percentagem do eleitorado foi de 31,1% e os eurodeputados mantiveram-se;
PS (+162.092). Ganhou as eleições com 1.266.786 votos e 32,1%, perdendo parte de eleitorado já que em 2019, tendo como cabeça de lista Pedro Marques, tinha conseguido 33,4%. Perdeu um eurodeputado, elegendo 8, e a diferença para a AD foi de apenas 38.506 votos.
Livre (+87.995). O partido da moda na extrema esquerda atingiu 148.441 votos, cerca de 2,5 vezes o número conseguido em 2019, então com Rui Tavares como cabeça de lista. Manteve-se como 7ª força mais votada, duplicando a parte do eleitorado para 3,8%;
ADN (+38.332). O partido apresentou-se com Joana Amaral Dias como cabeça de lista e ultrapassou o PAN e quatro outros partidos enquanto força política, triplicou os votos para 54.083 e a sua parte do eleitorado é agora 1,5%;
VOLT +(9.568). Em estreia nas Europeias o novo partido entrou diretamente para o 10º lugar com 9. 568, igual a 0,2% do eleitorado;
Novos partidos +(17.453): Três partidos, que não concorreram nas europeias em 2019, também obtiveram votos. A Nova Direita 6.446, o RIR 6.396 e o MPT 4.611.
Os dados de 2024 foram extraídos com 10.788.771 de um total de 10.830.572, por faltar apurar a votação em 10 consulados. A amostra foi assim de 99,6% dos votos possíveis mas, extrapolando de acordo com a abstenção verificada no estrangeiro, presume-se que ainda possam surgir apenas mais 420 votos válidos.
Algumas coincidências haverá. Juntos, Chega e Iniciativa Liberal obtiveram mais 666 379 votos que em 2019. A abstenção reduziu-se em 640.717. Tal como PS e Livre ganharam 250.087, enquanto BE e CDU perderam 222.397.