terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

uma analise democrata cristã aos resultados eleitorais!

 

 

Resultados por Partido
PS – sai desta crise (provocada por si e pelos parceiros da extrema-esquerda - PCP e BE), reforçado em Deputados, em número de votos e em percentagem, conquistando a sua segunda maioria absoluta. Recordo que a primeira foi conquistada pelo Engº José Sócrates em 2005, tendo recebido 2.588.312 votos, uma percentagem de 45,03%, elegendo 121 Deputados à AR. Agora o resultado provisório obtido, (faltam ainda contar os Votos da Emigração que representam 4 Deputados), por este partido cifra-se em 2.246.637 votos obtidos, com uma percentagem de 41,68 %, elegendo até ao momento 117 Deputados. Ora a maioria absoluta conquista-se com a eleição de 116, pelo que se obtiver como em 2019 mais três deputados com os votos dos emigrantes, ficará com 120 deputados na AR. Mesmo que não os obtenha, pois já obteve sem eles a maioria absoluta, terá 4 anos de mandato, mais do que previsivelmente. . O futuro: os Portugueses que votam, e só esses me interessam dado que os que não votam são absolutamente irrelevantes, dividem-se entre os optimistas e satisfeitos e os que veem com receio o PS novamente no Governo da Nação com um poder absoluto que, não tenho dúvidas, irá exercer. . 1ª consequência imediata: - O Programa de Governo que o Dr António Costa apresentou, e que foi chumbado em Novembro de 2012 provocando a queda do seu Governo, irá ser implementado na sua totalidade, ou apenas com uma ou outra alteração de pormenor, sem importância, destinada a fazer crer aos Portugueses que irá ouvir alguém que não da sua área de sustentação do Governo. E aqui a primeiro consequência é de que os Portugueses perderão Poder de Compra em 2,0%, pois os aumentos sinalizados no orçamento de 0,9%, com uma inflação que já está nos 2,9% assim o indicam. Ou seja, para não ir mais longe, a Classe Média e os Reformados empobrecerão já este ano 2% dos seus rendimentos do trabalho ou nas suas reformas. Poderia estender-me mais, mas direi apenas que ao final do 2º ou do 3º ano, o Primeiro-Ministro (a exemplo do que fez o Prof Cavaco Silva na sua 2ª maioria absoluta) deixará o Governo dando lugar a um sucessor que o refresque com vista às eleições de 2026. . Por agora fico-me por aqui. Irei comentando ao longo do tempo a actuação deste Governo agora reforçado. . PSD – este Partido obteve agora 27,80 %, correspondentes a 1.498.605 votos elegendo 71 Deputados, ou previsivelmente mais um, quando muito mais dois, originário dos Votos da Emigração, ficando no final da contagem com 72 ou 73 deputados na AR. Em 2019 obteve 1.457.704, com uma percentagem de 27,76% ficando com 79 deputados. Ora apesar de obter práticamente os mesmos resultados percentuais, dada a distribuição geográfica dos votos e o método de Hondt, perde entre 6 e oito deputados. Agravada esta circunstância pelo facto de qualquer que sejam as suas propostas, se elas não agradarem os Governo e ao Partido Socialista, nenhuma influência real terá na governação, a não ser pela vocalização das suas posições. . A luta interna pela liderança, o Congresso onde muito do que devia ser discutido “dentro de casa”, saiu a público, prejudicando gravemente a confiança dos Portugueses nesse Partido e no seu líder, mesmo que reeleito, produziu este efeito de perda. Isto ao contrário da opinião do que disseram os comentadores e jornalistas. A luta pública de assuntos internos, prejudicou gravemente este partido na sua credibilidade e potencial confiança dos eleitores. Vamos assistir a lutas internas e ao surgimento de uma nova liderança, ou a breve trecho, ou a médio prazo quando faltarem dois anos para a mira do Poder que as eleições de 2026 proporcionarão. . Uma das questões que se colocam sobre o futuro deste Partido é a de vai continuar a ser semelhante ao PS (o que o fez perder eleições) ou vai dividir-se para dar origem a um partido de direita de verdadeira alternativa aos socialistas? E se o não fizer a direita será representada pelo Chega e eventualmente por um CDS refundado? Vamos ver. Se nada fizer em termos de reposicionamento ideológico, o seu futuro não será brilhante. . PCP – em queda constante de eleição para eleição. Ficará com apenas 6 dos 12 Deputados que tinha na AR, sendo atirado para irrelevância de decisão, face ao anterior modelo da geringonça. Aliás a geringonça foi fatal para o eleitorado deste partido, cuja parte menos ideologicamente esclarecida, deixou de vez de acreditar (ao fim de 47 anos) que este partido serve para algo, a não ser protestar, mas sem efeitos na sua vida do dia-a-dia. Para além disso, (desencantamento) à medida que o seu eleitorado vai desaparecendo fisicamente, menos percentagem obterá e menos deputados elegerá, sobretudo quando a abstenção for menor que os 50%, como foi agora o caso destas eleições. É um Partido parado no tempo e o seu desaparecimento e irrelevância ir-se-á inexoravelmente agravando, de eleição para eleição. Resta-lhe, por enquanto, a sua estrutura sindical – a CGTP – que lhe irá dando uma aparência de luta e de importância política, que se fará sentir através de um mais que provável recrudescimento da convocação de manifestações de protesto nas ruas e de greves, mas o seu destino, a exemplo do que aconteceu em toda a Europa, será o seu continuo e inexorável desaparecimento da cena política relevante. . BE – este partido desce de 18 para 3 os seus deputados. O “abraço de urso” dado pelo PS com a construção da geringonça, fez ver ao seu eleitorado que de Partido de Protesto, passou para um Partido que queria apenas ter um “lugar ao sol” no Poder da governação. A luta interna será inevitável e o seu futuro incerto, para pessimista. . Iniciativa Liberal – com um ideário Liberal, paredes meias com a noção da Economia do “laiser faire-laissez passer”, que nunca resultou em parte nenhuma do mundo, e com a defesa dos mesmos princípios e valores do Bloco de Esquerda, em matérias como a vida e os costumes, a noção Libertária da sociedade, que aparentemente é sedutora para o individualismo exacerbado, será um partido de “protesto” e de proposição de ideias aparentemente boas, mas sofrerá o desgaste natural à medida que o eleitorado for percebendo que aquilo que realmente propõe e, sobretudo, à medida que o eleitorado for percebendo os resultados potenciais que as suas propostas teriam se fossem implementadas, sofrerá o desgaste semelhante ao sofrido pelo BE. Antevejo o “efeito balão” para este partido, de eleitorado médio citadino e jovem. À medida que esse eleitorado for amadurecendo a sua análise, do concreto das suas propostas concretas, perderá boa parte do mesmo. Veio para ficar, mas a interrogação é de quanto tempo manterá um grupo parlamentar, que agora conquistou. É o partido querido da comunicação social, tal como o foi e ainda é um pouco, o Bloco de Esquerda. Por quanto o tempo o será, é uma interrogação que fica. . Chega – abandou a modorra dos debates públicos, abanou a dominância cultural da esquerda, aproveitou bem as hesitações e as cedências de PSD e CDS ao “politicamente correcto” imposto pela esquerda e pela comunicação social. As hesitações dos mesmos, proporcionaram aos eleitores que pensam à Direita, Conservadores, Democrata-cristãos, Liberais moderados na Economia, uma “casa de acolhimento” ideológico, embora ainda com algumas reservas. Mais a mais porque esse eleitorado estava cada vez mais farto de ver a esquerda a fazer e a impor o que bem queria, sobretudo em matéria da Moral, da Ética e mesmo na Economia, sem que PSD e CDS actuassem fortemente e com “voz grossa” contra isso e contra os “mitos urbanos” crescentemente impostos pela esquerda, com a cumplicidade activa e interessada da comunicação social. É, juntamente com o PS, o grande vencedor das eleições legislativas de 2022. A questão que se coloca agora tem a ver com o desvendar se é um Partido de um Homem só, inegavelmente capaz e mobilizador, ou se tem mais quadros e dirigentes capazes. Ou seja, se tem uma equipa de gente capaz em todos os aspectos da vida em sociedade, ou não. Se provar que tem gente capaz e séria, com cabeça estruturada, com visão, veio para ficar e a sua tendência será de crescimento e acabará por conquistar o poder de governar. Se não for capaz de provar tudo isto, será um “partido balão” como o foi o partido construído pelo General Ramalho Eanes que numa legislatura passou de 42 deputados para zero. Veremos. Deu esperança a largas camadas da população, veremos se será capaz de corresponder. . CDS-Partido Popular – de há dois anos a esta parte sofreu com várias coisas. A primeira das quais com uma oposição interna intensa, permanente e aguerrida, oriunda de pessoas que fizeram dos lugares políticos uma profissão. Tal facto agravou a queda que já se vinha sentindo desde 2010, pois a população em geral não gosta de ver discutidos na “praça pública” assuntos que deviam ser discutidos em casa. O desgaste foi tremendo e contribuiu decisivamente para o desaparecimento deste Partido do Parlamento. Um segundo factor foi que o novo líder, sendo muito jovem e precisando de tempo para afirmar as suas propostas e clarificar o seu pensamento junto dos portugueses, não o teve, pois, no segundo mês do seu mandato viu surgir a pandemia do Corona Vírus (ou Vírus da China) impedindo-o de contactar a população no terreno. Este factor foi agravado pela comunicação social, que por vários motivos político-ideológicos e de grupo, nunca lhe deu a cobertura noticiosa que deu a BE, PCP, PS e ao desafiante Chega. A agravar tudo isto, e ao contrário de fazer rupturas com o sistema instalado pela esquerda, hesitou cedendo em várias ocasiões ao “politicamente correcto” imposto pelos jornalistas e pela esquerda. Não rompeu o suficiente com a desastrosa governação ideológica imposta por Paulo Portas (na sua última fase) e por Assunção Cristas, que tinham descaracterizado o CDS e deixou cair mesmo vários dos seus apoiantes internos que o incentivavam a essa fundamental ruptura. Perdeu o seu grupo parlamentar, a sua representação na Assembleia da República, e agora, com uma situação financeira de ruína deixada pelo consulado de Assunção Cristas, agravada agora pela perda das subvenções estatais que recebia pelo facto de ter deputados na Assembleia da República, muito dificilmente recuperará, muito dificilmente sobreviverá. É uma perda para a Democracia portuguesa e para todos os Conservadores que agora se acoitarão ou no Chega, a maioria, ou na IL alguns, ou na abstenção, muitos. Veremos o futuro a dois meses, pois terá um Congresso, mas a menos que os seus militantes passem a pagar quotas elevadas, ou se arranjem financiadores privados, terá o seu fim por asfixia financeira. . Quanto a mim, militante de décadas do CDS e algumas vezes fazendo parte da sua equipa dirigente, tenho muita pena do que aconteceu, mas estou de consciência tranquila, pois avisei em vários Congressos (Gondomar, Lamego, Aveiro) do partido, para o que se avizinhava se não mudássemos de rumo seguido, sobretudo desde 2010. Agora estarei em reflexão durante algum tempo, até decidir o que, em termos da minha actividade cívico-política, irei fazer. . Por aqui me fico. Nos próximos dias, ao fazer a análise quantitativamente mais fina, escreverei e partilharei convosco as conclusões de todo este novo quadro político. (Miguel Mattos Chaves)