A
farsa da democracia representativa ficou hoje clarinha como água.
Desde
que saiu de casa, ontem ao fim da tarde, Marcelo já tinha engatilhado o decreto
que nos obriga a todos a seguir o seu “exemplo”, como se o comum dos
portugueses tivesse “seguranças” que lhe levem a papinha feita a casa. Os
recados seguiram pelos canais habituais. Hoje, em poucas horas, o CdeE de
bonzos, por teleconferência, secundou o decreto. Ainda o decreto não estava na
AR e já o PM dizia o que pensava dele. Na AR, pediram uma horinha para o ler
antes de o votar. A seguir, o PM referenda e manda publicar. Depois fala
Marcelo e, quatro horas depois, o decreto entra em vigor. O esmiuçar das
medidas concretas fica para o governo amanhã. Em menos de 24 horas, a
democracia parlamentarista demonstrou ao país que não passa de uma formalidade
notarial sempre ao dispor do caprichismo de qualquer titular circunstancial de
cargo político. Se o regime fosse presidencialista, com certeza que o PR não
teria ficado duas semanas em casa a aboborar o entalanço “rapid” dos outros
órgãos políticos. Ele seria o rosto das medidas e as medidas seriam dele, como
se viu ontem numa entrevista do PM francês que evidentemente tudo ligou a
Macron que tem sido impecável. Mas é o que há. (por João Gonçalves noFaceBuque)