As notícias da generosidade do
Governo para com os professores também chegaram a Belém e Marcelo Rebelo de
Sousa não gostou do que ouviu. Com muita coragem, e perante uma plateia repleta
de professores na Fundação Calouste Gulbenkian, o
também Professor Marcelo disse esta segunda-feira aquilo que tinha que ser dito
sobre o tema:
“A crise deixou marcas profundas, é
uma ilusão achar que é possível voltar ao ponto em que nos encontrávamos antes
da crise – isso não há!”.
“A segunda ilusão é achar que se
pode olhar para os tempos pós-crise da mesma forma que se olhava antes
[para os problemas], como se não tivesse havido crise. A crise deixou traços
profundos e temos de olhar para eles”.
Com estas duas frases sobre a
temática da ilusão, o professor Marcelo fez tábua rasa do compromisso assinado
pelo Governo com os sindicatos dos professores. E conjugou, em bom
português, o verbo Iludir:
Eu não
iludo
Tu iludes
Ele não
quer ser iludido
Nós não
temos dinheiro
Vós não
deveis pensar só nas eleições
Eles vão
ter de se contentar com o descongelamento que já têm
Perante este puxão de orelhas do
Presidente, António Costa resolveu dar um gigantesco passo atrás face ao
compromisso que assumiu com os professores na passada sexta-feira: “Não
podemos consumir todos os recursos com quem trabalha no Estado” se queremos
investir na educação e na saúde, afirmou o primeiro-ministro esta terça-feira
durante uma visita à Tunísia.
Costa também mostrou que quando quer
sabe conjugar o verbo iludir: “A ilusão de que é possível tudo para todos, já
não existe isso. Temos de negociar com bom senso, com responsabilidade,
procurando responder às ansiedades das pessoas, mas com um princípio
fundamental: Portugal não pode sacrificar tudo o que conseguiu do ponto de
vista da estabilidade financeira, porque isso, no futuro, colocaria em causa o
que foi até agora conquistado”.
Mas afinal, Sr. primeiro-ministro,
quem é que criou essa tal ilusão de que é possível dar tudo a todos? Eu? Tu?
Ele? Nós? Vós? Eles?