Bastou ter-se levantado uma onda de
indignação pública, com eco nas redes sociais, para o Governo mostrar mais uma
vez como é eficaz. O Governo de António Costa reagiu. Culpou o Governo anterior
(as usually). Mostrou-se muito indignado em solidariedade com a indignação
geral, e zás, proibiu os jantares no Panteão. Tal como já tinha feito no Urban
Beach (que se apressou a mandar fechar - by the way, pôs 200 pessoas no
desemprego com essa precipitação. Podia ter multado, ter estabelecido regras
duras, mas não, a solução foi: desemprego para toda aquela gente) – mas
tal como fez com os incêndios e
armas de Tancos roubadas toma decisões muito radicais. Mas sempre, sempre
à posteriori [...]
O mundo chama populista a quem
governa contra a corrente mediática, mas populismo é precisamente o oposto.
Populismo é isto de governar em função da indignação popular.
Esta dupla de populistas que
representam e lideram o país, estão a transformar Portugal num cartoon. (in “Populismo é governar pelo guião escrito pelo mediatismo e
pelas redes sociais” por Maria Teixeira Alves )
.
Escândalo? Indignação? Nada. Não se
passa nada.
... o funcionamento do nosso Estado
continua a brindar-nos com surpresas nalgumas das suas áreas nucleares, como as
da segurança e soberania. [...]
O que nos deveria surpreender é a
incapacidade de a direita, agora na oposição, ser oposição efectiva, conseguir
reunir a informação que antes nos chegava pelas “comissões de utentes”, não se
ficar apenas pelas generalidades sobre as cativações, antes ser capaz de
descobrir e denunciar os efeitos concretos dessas cativações.
O que também nos deveria surpreender
é a forma como antes boa parte da comunicação social não se incomodava em ser
altifalante dos mais minúsculos tentáculos da asa esquerda da geringonça, ao
mesmo tempo que hoje passa por cima de casos como alguns dos que relatei atrás
sem se deter neles mais do que um segundo. [...]
Tudo domesticado, tudo obediente,
tudo disciplinado (como disciplinados eram os companheiros e ministros de
Sócrates que nunca viram nada, nunca souberam de nada, nunca estranharam nada,
sobretudo nunca falaram sobre nada).
Por tudo isso deixem estar: não se
passa nada. (in “Não se
incomodem, não se passa nada” por José Manuel Fernandes )