sexta-feira, 25 de agosto de 2017

o Estado de Calamidade...

[...] ao mesmo tempo que se serve do «Expresso» para anunciar um «pacto futuro com a «direita», a entrevista destina-se sobretudo a tentar mudar o sentido de uma conjuntura política adversa a António Costa. A declaração de calamidade começa, aliás, por reforçar os meios autoritários do Estado a fim de apertar ainda mais o controle sobre a comunicação como de resto já sucede por intermédio de uma funcionária que debita o relatório diário do governo sobre os fogos. 
[...] O PS e os seus porta-vozes na comunicação social começaram por omitir que a recuperação da economia portuguesa já estava em curso quando a «geringonça» assumiu o poder; depois, atribuíram-na às chamadas reversões; a seguir, à criação de emprego estatal e para-estatal; mais recentemente, ao aumento do turismo e, ultimamente, às exportações, as quais se devem, na realidade, ao crescimento de países economicamente austeros como a Espanha.
enquanto isso

[...] a propaganda governamental omite, obviamente, o facto estrutural de o aumento das exportações de baixo valor acrescentado, como sempre foi o caso do turismo e não só, fazer crescer ainda mais as importações, mantendo-se portanto os défices seculares da balança comercial e financeira. Continua, pois, tudo como dantes: o país está entregue ao clientelismo governamental, dependente do crescimento externo e condenado à dívida. Esta é que é a calamidade que explica as outras calamidades. ( in o “Estado de calamidade” por Manuel Villaverde Cabral )