O Governo [com o apoio do Presidente
da Republica] impôs a subida do salário mínimo, calou os patrões com um mau
acordo sobre a TSU e queria que o PSD fosse uma espécie de eunuco de guarda à
concertação social. (in José Manuel Fernandes no Observador)
.
as questões que importam, são estas:
Porque é que o papel do PSD deveria
ser apenas o de servir de suplente ao PCP e ao BE no apoio ao governo de
António Costa? Porque é que, segundo a oligarquia político-mediática, não é
aceitável que haja oposição?
.
[mas mesmo que com o apoio do
Presidente da Republica] A actual maioria parlamentar tem esta particularidade:
é composta por forças políticas que estão em queda em toda a Europa. Basta
pensar no fracasso de François Hollande em França ou do Syriza na Grécia, ou na
irrelevância do PSOE e do Podemos em Espanha ou de Jeremy Corbyn no Reino
Unido.
Queriam acabar com a austeridade,
rever a relação com a Europa. Mas o que fazem, de facto, é outra coisa:
aproveitar a assistência financeira do BCE para distribuir rendas por grupos de
dependentes do Estado, com os quais esperam cerzir uma “base social de
apoio”.
.
O
modo como o governo tentou usar a TSU para comprometer o PSD sugere que a “paz
social”, afinal, não basta a Costa. Ao contrário de outros países europeus, não
há populismo em Portugal, em grande medida porque a imigração, que o tem
inspirado na Europa, foi limitada pela estagnação económica (até os sírios
fogem à primeira oportunidade) e
Como
os juros sobem, a oligarquia parece empenhada em que não haja nenhuma
alternativa dentro do país que possa começar a gerar pressão sobre o governo.
Daí a conveniência de desestruturar e desmoralizar a oposição, forçando-a a
lidar, sob o charivari da oligarquia político-mediática, com a perspectiva de
compromissos vexantes, como neste caso. (in no Observador)