A Grécia tinha esta sexta-feira
um pagamento ao Fundo Monetário Internacional, e esperava-se que não pagasse.
Era a bancarrota, o fim da saga. A Grécia, de facto, não pagou. Mas nem por
isso houve bancarrota. Mais uma vez. Nos últimos meses, o governo grego lá foi
arranjando dinheiro, e os seus credores lá foram arranjando paciência. A saga
continua.
O pior, para o Syriza, é que, dentro
da Grécia, a sua chegada provocou a mais perigosa de todas as revoltas: a dos
contribuintes e aforradores. Os contribuintes (um terço dos quais são trabalhadores por conta própria, e portanto menos
vulneráveis ao fisco), começaram a deixar de pagar impostos, e os aforradores a tirar o dinheiro dos bancos.
Quanto à UE, o seu problema não é a
Grécia, mas a sua própria concepção do Euro. A Grécia representa 2% da economia
da zona Euro, e não pesa especialmente no comércio de nenhum dos
seus membros (para as exportações alemãs, a Grécia é menos importante do que o Luxemburgo).
(isto é)
Não deveria ser mais do que um
problema humanitário.
Não vale a pena tentar
adivinhar os próximos capítulos. Como é típico destes processos de
procrastinação e de arrastamento, quando o inevitável acontecer, será sempre
uma surpresa. ( Rui
Ramos in Observador.pt )