Se quisermos uma imagem de uma
sociedade aprisionada pela agenda de minorias não temos melhor que aquilo que
vivemos nos últimos anos: nada do que diz respeito à sociedade no seu todo é
discutido.
Em Portugal, no primeiro semestre de
2010, o país pagava juros cada vez mais altos para se endividar e a Segurança
Social caminhava para a falência. Mas aquilo que o poder político impôs na
agenda com a urgência de um assunto transcendente para os dez milhões de
portugueses foi o chamado casamento homossexual.
Na esquerda democrática a agenda das
causas fracturantes substituiu a ideologia pois sendo óbvio que Marx já não
serve para governar a verdade é que, na falta de ricos para lhes confiscar os
bens, de empresas para nacionalizar e de moeda própria para imprimir dinheiro a
gosto, não há programa.
À direita, que passou do terror de
ser considerada fascista ao medo de ser designada liberal, este tipo de
polémicas permite-lhes o show off dos valores e em alguns casos, perante a
óbvia irrealidade das propostas, torna-se até o momento adequado para os seus
protagonistas mostrarem algum bom senso. Mas sempre com a atitude blasée de
quem sabe que vai perder.
mas também
Em França, até ao passado fim-de-semana
(em que as ruas se
encheram com uma massa humana quase impossível de quantificar chocada com os
atentados), o que levara
esmagadoramente para a rua os franceses foi a legislação em torno do casamento
entre pessoas do mesmo sexo, da procriação medicamente assistida e das barrigas
de aluguer. Entretanto no mesmo período a economia francesa apresentava sinais
de declínio, os casos de agressões por razões religiosas e étnicas
multiplicavam-se e a insegurança vivida nas ruas levava até a respostas armadas
por parte de comerciantes fartos de serem assaltados e maltratados.
isto é
nada do que diz respeito à sociedade
no seu todo é discutido. (por Helena
Matos in minorias-e-os-prakistamos)