“Chamem-me estúpido, se quiserem, ou
inculto, se assim o entenderem, mas continuo a não gostar da coqueluche do
regime. E o Costa, a coqueluche política do momento, vai-me pelo mesmo
descaminho. Namora o Rio, namora a Vasconcelos, namora o Tavares, o pobre e não
o rico, qualquer dia namora o Pedro e o Paulo, o homem é um volúvel que, mesmo
quando pisca para virar à esquerda, o volante, como quem não quer a coisa,
guina-se-lhe para a direita. Por cá ninguém quis um Syriza, um Podemos, a
maioria quer Costa, aplaude Costa, diz que vai votar em Costa e, por arrasto,
numa Edite Estrela, num Brilhante Dias, num José Lello, num Zorrinho, num João
Soares, nas eminências pardacentas que a liberdade de Abril, generosa mas tola,
ajudou a parir.
Já por aqui o disse e venho
repeti-lo: em caso extremo, se tal for necessário para salvar o que resta desta
democracia, já definhada aos 40 anos, também votarei PS. Porei a cruzinha à
frente do punho pantomineiro, com dor e com dolo. Costa pode ser o unguento que
nos trará algum alívio, mas que nunca nos poderá curar das maleitas que
sofremos há décadas ou, melhor dizendo, há séculos.
E Vasconcelos, entrementes, poderá
prosseguir, descansada, a sua carreira de sucesso. Com papas e bolos, tachos e
tampões, croché e macramé, frascos e fiascos, se faz uma estrela neste triste
firmamento.
Costa que o diga. (Publicada por Manuel
Cruz no 4 Almas http://ouropel.blogspot.pt/2015/01/as-coqueluches.html)