ontem,
uma manifestação junto à esquadra da PSP da Bela Vista obrigou a polícia a reforçar a segurança e a disparar tiros de aviso para o ar para acalmar o grupo de jovens que se reuniu em frente à esquadra, alegadamente para homenagear um rapaz baleado pela GNR após o assalto a uma caixa Multibanco. A polícia decidiu manter hoje o reforço policial naquele bairro de Setúbal, onde um grupo de pessoas lançou quinta-feira à noite dois "cocktails molotov" contra as carrinhas da PSP, que se encontravam de prevenção no local.
Maria das Dores Meira presidente da Câmara afirmou que a situação «não deve ser generalizada à população do bairro e muito menos ao município». «Hoje, a situação está clama e julgo que é assim que se vai manter. Os jovens estão identificados. As coisas estão devidamente controladas por parte das forças de segurança», os jovens, não mais do que 10, eram amigos da vítima e já foram identificados, afirmou.
hoje,
Os ocupantes de uma viatura dispararam três tiros contra a esquadra da PSP da Bela Vista, em Setúbal, disse à Lusa fonte policial
Os disparos efectuados cerca das 17h45 atingiram a parede exterior da esquadra e uma viatura da Escola segura, mas não provocaram vítimas.
...fica para mais tarde mais uma cândida declaração da presidenta.
Importante ler a entrevista de Dom Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal:
O Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, está preocupado com a situação ocorrida em Setúbal, alertando para o perigo de sublevações de uma população carenciada e mais sensível à crise e ao aumento do desemprego.
"Onde quer que eles acontecessem eu sofria com isso mas acontecendo ali, na minha terra, naquele bairro que eu vi nascer, onde promovi a construção de uma igreja, onde existe um pároco tão zeloso pela comunidade, lamento ainda mais profundamente que isto aconteça", disse à agência Lusa D. Manuel Martins, uma voz sempre activa, durante mais de duas décadas, na defesa dos direitos da população de Setúbal.
Na quinta-feira, uma manifestação junto à esquadra da PSP da Bela Vista obrigou a polícia a reforçar a segurança e a disparar tiros de aviso para o ar para acalmar o grupo de jovens que se reuniu em frente à esquadra, alegadamente para homenagear um rapaz assassinado pela GNR após o assalto a uma caixa Multibanco. A polícia decidiu manter hoje o reforço policial naquele bairro de Setúbal, onde um grupo de pessoas lançou quinta-feira à noite dois "cocktails molotov" contra as carrinhas da PSP, que se encontravam de prevenção no local.
"O que eu receio e tenho repetido muitas vezes é que nestas situações possamos encontrar, num futuro próximo ou remoto, já uma fogueira preparada para incendiar o país", alertou D. Manuel Martins, que foi ordenado Bispo de Setúbal em 1975.
Sobre os efeitos da crise e do aumento do desemprego junto da população, o prelado lembrou que "a situação é má e vai piorar".
D. Manuel, admite que as pessoas em situação desesperada, sem emprego e sem dinheiro, possam encontrar como única saída a violência: "Se não tiver pão ou mato-me ou mato, porque sem comer não se pode viver".
Perante este cenário, os Governos têm de ter uma "atenção especial" para com as populações dos bairros "mais pobres, mais desprotegidos, mais inseguros, onde não há trabalho, não há cuidados especiais de acompanhamento e, às vezes, nem sequer há habitações condignas". E resume: Os bairros "onde falta tudo aquilo que pode desaconselhar uma tentação de sublevação".
Para o Bispo é preciso "privilegiar estas localidades como um pai ou uma mãe privilegiam um filho que está doente ou que tem especiais carências".
"Já há muito tempo que muita boa gente fala no perigo de sublevações que podem ser à partida muito pequeninas e muito localizadas e podem de um momento para o outro tornar-se generalizadas.
Quem está no poder tem de ter muito cuidado e lidar com especial atenção estas situações, porque não basta ter a polícia a tomar conta".
"Sei que isto está a acontecer em Portugal, aqui e além, com maiores ou menores dimensões, está a acontecer com grandes dimensões na Grécia, na França, na Itália. Já tem acontecido na Espanha e na Inglaterra e eu tenho muito medo que mesmo até inconscientemente toda aquela gente esteja a preparar, a criar terreno, para qualquer coisa de muito grave para a Europa", concluiu. in Publico/Lusa 08.05.2009 - 14h37