REVOLUÇÃO TOTAL O Rossio (hoje Praça Dom Pedro IV) modificou-se radicalmente desde que Zuzarte assinou este desenho, no século XVIII. Desapareceram os emblemáticos Palácio dos Estaus, Igreja e Convento de São Domingos e Hospital Real de Todos os Santos. Manteve-se, estóico, o Palácio dos Condes de Almada (hoje, Palácio da Independência). Palco da revolução popular de 1385, o Rossio perdeu progressivamente importância como espaço político. Nos planos pombalinos, a Praça do Comércio manteve o estatuto primordial, embora fossem privilegiadas as vias de ligação entre as duas praças. Em 1775, decidiu-se abrir uma praça gémea – a Praça da Figueira. O Rossio foi das últimas áreas concluídas.
Os últimos edifícios (projectados em cima, numa paragem de autocarro) datam de meados do século XIX.
A “promoção” religiosa do patriarcado lisboeta entusiasmara D. João V, que despendeu elevados recursos na ampliação da pequena capela do Paço Real. Nasceu a Igreja Patriarcal, símbolo religioso de um regime fervorosamente devoto. Em 1754, Lisboa tinha 79 conventos.
DA PATRIARCAL À CÂMARA DE LISBOA Nas imediações da actual Praça do Município, a antiga Igreja Patriarcal, extensão religiosa do Paço real, ruiu por completo, como dá conta a gravura (porventura exagerada) de Miguel Pedegache. Em 1774, por projecto de Eugénio dos Santos, ergueu-se o edifício dos Paços do Concelho, na Praça do Município (em cima), onde a rainha Maria I chegou a viver no final do século XVIII. Um incêndio, em 1863, devastou-o por completo e a cidade optou então por um projecto totalmente novo. Dessa inspiração, foi construído o actual edifício, que só ganhou forma em 1880. Foi neste edifício que se proclamou a República em 5 de Outubro de 1910. Em 1996, um novo incêndio destruiu os pisos superiores, afectando pinturas e ornamentos dos tectos.
Espaço predilecto de um monarca melómano, a Casa da Ópera fora inaugurada no dia de aniversário da rainha, em 31 de Março de 1755. A acção combinada do terramoto, do maremoto e dos incêndios posteriores destruiu-a por completo. O novo teatro da cidade só foi erigido quatro décadas depois.
O VELHO ARSENAL Antes de 1755, as carreiras de construção da Ribeira das Naus tinham capacidade para construir seis navios em simultâneo, mas o terramoto destruiu-as por completo. O antigo Arsenal de Marinha foi das primeiras reconstruções depois do terramoto. Gizado por Eugénio dos Santos, ocupou antigos espaços do Palácio dos Cortes Reais, perto da Casa da Ópera que encantara a família real. Em 1769, ficou concluída a Sala do Risco (ou Casa do Risco das Reais Obras Públicas), verdadeiro gabinete de guerra dos projectistas da reconstrução da cidade. No século XX, a Marinha transferiu o arsenal para o Alfeite, na margem sul do Tejo, e aterrou o dique na sequência da abertura da Avenida Ribeira das Naus, mantendo as velhas instalações. Actualmente, as obras de expansão do metropolitano para o Terreiro do Paço marcam o cenário.
Naquela manhã de desgraça, o rei fora protegido pela fortuna, que o induzira a dormir nas Reais Casas de Campo de Belém. A família real sobreviveu incólume e rapidamente mandou erguer a Real Barraca da Ajuda. Só no início do século XIX, quase 50 anos depois, o Palácio da Ajuda começou a ganhar forma.