domingo, 31 de outubro de 2021

A semelhanças são mais que as divergências...

As recordações do que aconteceu em 2011 devem causar suores frios à gente do Bloco. Já o PCP assiste apreensivo à corrida do seu eleitorado para o Chega, tanto nos subúrbios de Lisboa como no Alentejo.
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O fenómeno não é novo (sucedeu em França com o PCF e a RN) porque estas forças políticas, sejam à esquerda ou à direita, não deixam de colocar o Estado no topo da equação, não deixam de ter uma visão socialista da sociedade, da vida em comunidade, da forma como se governa um Estado. A semelhanças entre o Chega e a extrema-esquerda, principalmente o PCP, são mais que as divergências que o confronto directo aparenta. (in “Pior que 2011” de André Abrantes Amaral)

à espera de azulejos?


Rua Marquês de Fronteira
com 
Avenida Miguel Torga.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

serviu o Costa, mas o recreio acabou!!!

O desespero do Governo [minoritário] para aprovar o Orçamento de Estado (OE) para 2022, um ministro da Defesa vaiado pela tropa, um primeiro-ministro obrigado a pedir desculpa aos patrões, caos nos hospitais (que são recorrentes) e o anúncio em catadupa de greves da função pública, médicos, enfermeiros e professores em Novembro (culminando tudo com uma manifestação nacional da CGTP).
A geringonça foi uma mentira que durou 6 anos e que só serviu o Costa.
O país regressou ao pântano mas em pior estado: nenhum problema se resolveu, só se atirou dinheiro para cima dos problemas.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

cercas, testes rápidos e previsões!

a infografia mostra o resultado entre 15 e 16 de Julho (identico ao dos dias anteriores) e, por isso, a subida de infectados nos escalões 2 a 5 (10 a 49 anos) parece merecer outro tipo de atenção diferente das “cercas” e dos testes “à entrada” dos restaurantes.
e, a “talhe de foice” também, tenho direito a fazer previsões:
Com os dados agora disponíveis admito que a totalidade da população legalmente residente esteja totalmente inoculada a 100 % em 25 de Outubro e totalmente vacinada a 13 de Dezembro
(publicado no feicebuque em 18Julho 15.00)

Camara de Municipal de Lisboa: Os boys e as boyas!

Fernando Medina é acusado de fazer crescer a autarquia em cerca de 20% no último ano em que presidiu à principal câmara do país e... é verdade!
... os números estão correctos! 
Se foi assim na Camara Municipal de Lisboa imagine (ou faça contas) ao que se passa noutras autarquias e no governo nacional socialista
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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Teixeira Branquinho, o diplomata esquecido!

Obviamente desconhecedora da Historia de Portugal (e da Europa) a burmedjus Joaquina Moreira destapou um ninho de vespas que, por exemplo a Maçonaria (Regular), por boas razões, nunca quiz abrir e agora alguém, que se espera não seja alérgico, irá levar algumas picadas. 
(às vezes pergunto-me se para se ser deputado a iliteracia na História é obrigatória!) . 

“Que se faça justiça a Aristides Sousa Mendes, mas não é necessário esquecer Teixeira Branquinho, por uma simples razão, é profundamente injusto, uma vergonha, Os Húngaros consideram Teixeira Branquinho um herói, por cá não, e nós é que sabemos, afinal não fomos ocupados pelo Alemāes, não houve perseguição a judeus, não tivemos a guerra, nós é que sabemos, os Húngaros não, nem a comunidade judaica de Budapeste, que tristeza”

 

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

porque foi precisa a Ditadura Nacional (e posteriormente o Estado Novo?

Teoricamente este pedaço de história faz parte do programa do 9º ou do 12º anos de escolaridade mas quer os  "manuais/resumos escolares", quer o "guião para os professores do ensino secundário" do chamado Ministerio da Educação não lhe merece mais que meia dúzia de linhas...
Há 100 anos a I República vivia a “noite sangrenta” e a sua morte moral. Não é possível compreender o Estado Novo sem conhecer essa violência infame, mas nas nossas escolas pouco se fala desses dias. 
Se considerarmos que todos os assassinados eram antigos "sidonistas e opositores dos democráticos do Partido, com esse nome, do Afonso Costa podemos inferir quem foram os mandantes..
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terça-feira, 19 de outubro de 2021

Noite Sangrenta!

Na noite de 19 de Outubro de 1921, um grupo de marinheiros e guardas republicanos percorre as ruas de Lisboa naquela que viria a ser conhecida como a “camionnette fantasma”. Liderado pelo cabo Abel Olímpio, conhecido pela alcunha de “Dente de Ouro”, o bando assassina várias figuras políticas e militares. Incluindo os heróis da revolução de 1910, Machado Santos e Carlos da Maia. Os crimes chocam o país. Os jornais chamam-lhe a “Noite Sangrenta”.
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Os homens da camioneta são julgados e são condenados, mas nunca chegam a ser reveladas as identidades dos conspiradores que encomendaram as mortes. Berta Maia, a jovem viúva de Carlos da Maia, recusa-se a aceitar a passividade dos tribunais e decide investir contra tudo e contra todos em busca da verdade. Após várias tentativas consegue visitar Abel Olímpio na prisão e depois de uma sucessão de encontros, ganha a confiança do assassino do seu marido e fá-lo confessar.
Mas à verdade nem sempre corresponde a justiça.
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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

José Manuel Fernandes e o OE2022 em Contra Corrente!

Libertos da censura imposta pelos 15M de euros à imprensa a que temos direito e longe da tenebrosa máquina de propaganda do minoritário partido nacional socialista nacional em Contra Corrente José Manuel Fernandes, Helena Matos, Jorge Fernando e Ouvintes com "bom senso" comentam a trapalhada que está a ser o OE2022
- A crise política pode estar mesmo à porta, depois de um fim-de-semana em que a temperatura política subiu.
- Todos querem o Orçamento aprovado, mas ninguém o quer aprovar, e a culpa é de António Costa.

Rebelo de Sousa e o OE2022 e o intocável Eduardo Cabrita

1 - Marcelo avisa que chumbo do Orçamento pode conduzir a eleições e "Colocou a estabilidade do país na mão dos partidos"?
[contra todos uma opinião do Rui Pedro Antunes que tem por hábito errar…]
2 - Quatro meses depois do acidente, António Cabrita continuar "intocável".
O acidente e impunidade do Eduardo Cabrita, quatro meses depois, na quase sempre acertada visão de Paulo Ferreira


sábado, 16 de outubro de 2021

A Bandeira Portuguesa em Timor


Timor-Leste ocupa meia ilha ao norte do Continente Australiano, com uma área aproximadamente de 16.00 km2, possui cerca de 20 dialectos e várias etnias. Portugal esteve em Timor de 1515 a 1975.
A pacificação e ocupação efectiva de Timor apenas se deu a partir dos finais do Sec.XIX. A diversidade linguística e de povos, o seu estado de desenvolvimento social, bem como as difíceis ou inexistentes vias de comunicação dificultaram sempre a pacificação dos aguerridos habitantes. E quando a paz, a muito custo era conseguida, logo era quebrada por violentos confrontos inter-reinos, ou entre estes e a administração portuguesa. Não movida por qualquer princípio de “luta de libertação” contra os malai (estrangeiros), mas tão-somente pela necessidade de se guerrearem. Esta acção bélica era de natureza cultural e económica, já que a tomada de gados, escravos e outros haveres aos reinos vizinhos foi sempre um modo ancestral de estar na sociedade timorense de então.
Alguns governadores tentaram formas de ampla pacificação, mas sem resultado. Somente o Major Celestino da Silva (1894-1908) iniciou com êxito tal tarefa. Homem que conheceu Timor e os timorenses como poucos, constatou a diversidade das nações que compunham o território e percebeu que só com a coesão dos timorenses se conseguiria a efectiva pacificação, condição essencial para o progresso da Colónia.
Para tanto, o Grande Celestino, ou o Rei de Timor – como ficou conhecido – implementou junto dos povos o culto ao simbólico: Bandeira, Pátria, Rei, que evoluíram para valores de mitos considerados lulic (sagrados). Fez explicar que esses símbolos identificavam todos aqueles que eram considerados portugueses. Se o rei em Portugal era considerado um símbolo vivo, estando distante, nunca foi visto pelos timorenses. A Pátria transmitida como o conjunto dos povos que reconheciam o mesmo soberano como seu, e que tinham a mesma bandeira. Bandeira essa que ali estava em Timor e podia ser vista por todos como também a SuaBandeira. Esta capacidade identificativa de um símbolo de coesão nacional é de primordial importância para os nacionais em qualquer canto do mundo, e muito mais o foi no longínquo Timor. Lá ganhou mais do que o normal respeito que o símbolo nacional merece. Teve foros de sagrado, de mito, quase dogmático, pois não é preciso explicá-lo no todo ou em parte: facilmente dele se apreende a identidade que representa e a emoção que nele sentimos.
A Bandeira Portuguesa foi em Timor, sem dúvida, um símbolo intocável!
…E não esqueço aquela noite em Aileu no longínquo Outubro de 1974, após visita de um malai boot liu como era o Ministro Almeida Santos. As bandeiras nacionais trazidas pelas povoações à recepção de tão ilustre visitante, repousavam respeitosamente de encontro a uma árvore de canela defronte ao posto dos correios, devidamente guardadas por dois guerreiros (assua’in) armados de espadas.
Um infeliz timorense, talvez sob efeito do álcool ingerido e pela euforia libertadora desses tempos revolucionários, ousou desafiadoramente tocar-lhes. O atrevido viu a sua mão decepada por golpe certeiro por uma das espadas de guerra (suric).
Para além dos poucos que tiveram conhecimento do caso, não houve grandes comentários ou sequer queixa apresentada às autoridades administrativas ou policiais…

Mais recente e que toca profundamente é o seguinte episódio que inseri no livro “Monumentos Portugueses em Timor-Leste”:
Carta recebida pelo adido militar na Embaixada de Portugal em Díli, Cor. Carlos Aguiar. (o português foi ligeiramente corrigido para melhor inteligibilidade do texto)

"EX. EXCELENCIA SENHOR CHEFE DE ACAIT QUE ESTÁ EM DILI TIMOR- LESTE
1. O meu Pai, Marcelino Babo, foi Soldado de Segunda Linha no Ano de 1973 até 1975, ou seja, trabalhou cerca de 3 anos como Soldado de Segunda Linha.
2. O meu Pai Marcelino Babo, em 1975, recebeu ordem de Estado Português no Posto de Lete-Foho para fazer Segurança na Fronteira em Maliana, no Quartel Segunda Linha de Tunu-Bibi.
3. Numa manhã cedinho, mais ou menos às 5 horas, eles fizeram patrulha na Fronteira. De repente apareceram os Tropas da Indonésia de arma na mão. Dali eles voltaram para quartel, arrumaram as coisas deles e fugiram, cada qual seguindo o seu rumo, menos o meu Pai Marcelino Babo que não fugiu ainda, por razão de a Bandeira Nacionalidade Portuguesa ainda esta no ar. Dali ele desceu a Bandeira Nacionalidade Portuguesa, embrulhou muito bem e fugiu para Posto Lete-Foho, e seguiu para casa onde ele morava.
4. Em 1978 os Tropas da Indonésia foram a nossa casa, a fazer inquérito ao meu Pai Marcelino Babo, sobre a sua arma bem como a bandeira, negou que tanto a arma como a Bandeira de Nacionalidade Portuguesa, não estava na mão dele. Por isso os Tropas de Indonésia ficaram furiosos e deram pancadas, coronhadas com arma até meu Pai Marcelino Babo ficar aleijado. O meu Pai Marcelino Babo, entregou então a arma para as Tropas da Indonésia, menos a Bandeira Nacionalidade Portuguesa é que ele não entrega. Com o sofrimento provocado pela agressão, ele veio a morrer no ano de 1982.
5. Antes de o meu Pai Marcelino Babo morrer, o meu Pai ainda me chamou e como eu sou a filha mais velha, o velhote disse para mim: "que essa Bandeira de Nacionalidade Portuguesa, e você como minha filha mais velha, você tem de guardar muito bem, e um dia mais tarde, quando chegar o Dono dessa Bandeira , você tem de entregar outra vez ao Dono. Porque eu sei muito bem que o Dono dessa Bandeira, cedo ou tarde há-de chegar, há-de voltar".

...e a Bandeira Nacional foi entregue na Embaixada de Portugal, pela filha do Marcelino Babo que não quis que a mesma fosse apoderada pelos invasores. Durante esse tempo, ficou escondida em vários locais, servindo de travesseira, colchão ou mesmo enterrada: - O pedido foi cumprido!

Exemplos destes felizmente para os Portugueses e Timorenses, não foram únicos. Em muitas casas lulics ainda se encontram bandeiras e artefactos dos Maiores de ambos os Povos, que um dia, numa prova de confiança, foram entregues aos Timorenses, pela sua proximidade, dedicação e respeito às Gentes Lusitanas, representadas num símbolo que entenderam sempre como um elemento de coesão nacional.
Foi assim o Timor Português.

Nota final: A bandeira encontra-se actualmente à guarda do Museu Militar em Lisboa.
Rui Brito da Fonseca
Oficial Miliciano em Timor 1973/75
Ex-Adido para a Cooperação na Embaixada de Portugal em Díli.
Autor do livro “Monumentos Portugueses em Timor-Leste”

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Lepanto

Foi a 7 de Outubro de 1571 que, na recortada costa sudoeste da península grega, à entrada do golfo de Lepanto e não longe da cidade que hoje se chama Nafpaktos, se travou uma batalha naval decisiva para o futuro da Europa e do mundo.
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A Europa do século XVI estava dividida por linhas religiosas e políticas, isto é, por convicções e interesses. Carlos de Habsburgo, Carlos I de Espanha e Carlos V da Áustria, reunia na sua pessoa as coroas de Espanha e do Sacro-Império. Tentara a hegemonia europeia e por isso tivera de enfrentar a França de Francisco I e os príncipes alemães protestantes em duelos sucessivos. O Imperador levara uma vida de guerras e negociações, da vitória de Pavia ao saque de Roma, da batalha de Mühlberg à paz de Augsburgo, em que se confirmara a divisão religiosa do Continente.
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O Império Otomano estava a sueste da Europa e desde que Maomé II, em 1453, tomara Constantinopla, começara a ofensiva para Ocidente, por terra e por mar. Solimão, o Magnífico, conquistara Belgrado em 1521 e a Hungria em 1526, depois da batalha de Mohacs. Quando pusera cerco a Viena, em 1529, a sensação de perigo subira entre os cristãos. O Inverno obrigara os turcos a retirar, mas, em 1566, Solimão, já septuagenário, voltaria a querer tomar Viena. Mas morreria antes de tentar o cerco.
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O sucessor, o seu filho Selim II – que teve os cognomes pouco magníficos e pouco vulgares para um príncipe muçulmano de Selim, o Bêbado, e Selim, o Louro ­ – decidiu prosseguir a marcha para Ocidente, sempre por mar e por terra.
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Selim era filho de Solimão e da sua esposa preferida, uma cristã da Ruténia, filha de um padre ortodoxo, chamada Anastasia Lisowska. Anastasia fora raptada e vendida como escrava para o Harém mas, graças à sua inteligência e à sua beleza, que Ticiano retrataria em “La Sultana Rossa”, tornou-se a primeira mulher da Corte de Istambul, conhecida pelo nome de Hurrém Sultana e Roxelana. Além de Selim, Roxelana deu outros cinco filhos a Solimão e conseguiu que os seus meios-irmãos fossem sendo afastados ou eliminados de modo a que fosse ele a suceder ao pai.
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Os turcos tomaram Rhodes por mar em 1522 e cercaram Malta em 1565. Em 1570 atacaram Chipre e em 1571 completaram a conquista, tomando Famagusta aos venezianos. Para conseguirem a rendição de Famagusta, prometeram ao governador da praça, Marco Antonio Bragadin, que o deixavam sair em paz com a guarnição e a população civil – mas depois acharam por bem cortar-lhe o nariz e as orelhas, passearem-no pelas ruas agrilhoado e humilhado e esfolarem-no vivo.
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O Papa Pio V (um papa austero, consciente dos abusos dos seus predecessores renascentistas, canonizado em 1712 por Clemente XI) quis enfrentar a ameaça turca através de uma aliança de poderes católicos. A Santa Liga foi formalmente estabelecida em 25 de Maio de 1571, ainda com o propósito de resgatar Chipre. O pacto era entre os Estados papais, a Espanha de Filipe II, as Repúblicas de Veneza e Génova, os ducados de Saboia, Urbino e Parma e os Cavaleiros da Soberana Ordem de Malta.
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Apesar de convidados, o Sacro Império, a França e Portugal não entraram na Aliança: o Sacro Império assinara recentemente um tratado de paz com os turcos; a França tinha por inimigo principal os Habsburgo, e até se aliava aos turcos; Portugal considerava-se já suficientemente empenhado no esforço contra o Islão em Marrocos e no Oriente. Mas uma das galés da Ordem de Malta foi capitaneada pelo português Luís Mendes de Vasconcelos.
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A armada cristã, chefiada por D. João da Áustria, filho bastardo de Carlos V, reuniu-se em Messina, na Sicília, e daí navegou até ao golfo de Patraikos, perto de Lepanto. Eram 210 barcos de guerra, equipados com canhões e levavam 30 000 soldados, na sua maioria venezianos e espanhóis. D. João da Áustria comandava o centro, o genovês Andrea Doria, ao serviço do Papa, a ala direita, e o veneziano Agostino Barbarigo, a ala esquerda. Na reserva, ficava D. Álvaro de Bazán, marquês de Santa Cruz. As galés aliadas misturavam-se neste dispositivo, mas 90% das forças eram venezianas e espanholas.
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A frota turca, comandada por Ali Paxá, era ligeiramente superior à da Liga, com 230 galés. O confronto deu-se à boca do golfo, com o choque e a abordagem das galés, quase transformando a batalha naval numa batalha campal de infantaria, travada nos conveses dos barcos. A Sultana, de Ali Paxá, abordou o El Real de D. João da Áustria, mas Ali Paxá foi morto e a sua nau-almirante tomada. Apesar da reacção de almirantes muçulmanos, como o paxá de Argel, Uluch Ali – que comandava a ala esquerda turca, em frente a Doria, e penetrou a linha cristã, causando sérias perdas às galés da Ordem de Malta –, a reserva de Santa Cruz reequilibrou a situação e Ali teve de retirar para mar aberto, salvando umas 40 naves.
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Consta que, na indecisão da batalha, D. João da Áustria deu ordens para que os remadores das galés – cristãos condenados por delitos comuns – fossem libertados e armados, com a promessa de que, se vencessem, ficariam definitivamente livres. A ordem foi recebida com escândalo pelos oficiais espanhóis, entre todos por Santa Cruz, mas D. João, como filho do Imperador e irmão do Rei, impôs a sua vontade. E assim se terá arregimentado uma reserva estratégica decisiva.
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Um grande feito e uma Graça
Ao tempo, a vitória do Lepanto foi vista e saudada como um grande feito humano e guerreiro, mas também como uma graça de Deus, pela intervenção da Virgem Maria, Nossa Senhora do Rosário e das Vitórias. O vocativo “auxilium cristianorum” foi então introduzido na Ladainha da Virgem. O motor desta aliança fora o Papa.
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Pio V, Michele Ghislieri, dominicano, inquisidor feito papa em Janeiro de 1566, era um homem de grande fé. Defensor da ortodoxia, empreendeu uma campanha severa contra os abusos, luxos e pompas da cúria de Roma e procedeu a uma série de diligências contra a simonia, a blasfémia e a sodomia entre o clero. Em contraste com os seus predecessores imediatos, preocupou-se com o bem-estar do povo de Roma, despendendo grandes somas para acudir às fomes e carências na cidade. E combateu a ameaça protestante em toda a sua extensão, opondo-se ferverosamente aos huguenotes franceses e excomungando a rainha Isabel I de Inglaterra. Foi a firme aliança que estabeleceu com Filipe II de Espanha que esteve na base da Santa Liga.

A vitória de Lepanto foi exaltada por toda a Cristandade. A mensagem do sucesso chegou a Filipe II, que estava no Escorial (ainda por terminar), ao princípio da tarde de 31 de Outubro de 1571. Os portadores da boa nova percorreram 3.500 quilómetros a uma média, então sem precedentes, de 150 quilómetros por dia. Filipe II rejubilou com a vitória e encomendou a Ticiano um quadro comemorativo. A vitória foi celebrada por toda a Europa em mais de meia centena de pinturas de artistas contemporâneos, como Vasari, Veronese, El Vicentino, El Greco, Tintoreto e muitos outros.
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O remador cativo de Cervantes
A literatura também não esqueceu a batalha. Cervantes, que foi ferido em Lepanto, chamou-lhe, no “Prólogo al lector” das Novelas Ejemplares (1613), “la mas memorable y alta ocasión que vieron los passados siglos, ni esperan ver los venideros”. E, no seu livro de poemas, Viaje del Parnaso, põe Mercúrio a dizer-lhe, a ele, Cervantes, autor-protagonista: “Bien sé que en la naval dura palestra / perdiste el movimento de la mano / isquierda para gloria de la diestra”.
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Mas já no Quijote (1605), no “discurso verdadeiro” do cavaleiro Ruy Pérez de Viedma, Cervantes celebrara a batalha histórica. Na narrativa de Viedma, “aquele dia”, o dia de Lepanto, provara que os turcos não eram invencíveis. Ruy de Viedma não tivera a sorte dos cristãos vitoriosos: ficara prisioneiro dos turcos, servindo como remador forçado. É este o estratagema que permite a Cervantes passar para o “lado de lá”, contar a história a partir do campo do inimigo – e formular críticas à política imperial da Espanha dos Áustrias e à obstinação das celebrações retóricas. Para ele, os grandes feitos não precisavam de celebrações: quando eram verdadeiramente grandes, impunham-se.
Cervantes levava a batalha a peito, daí que a sua curta referência a Lepanto em Don Quijote surja como uma espécie de interlúdio sério no meio da sua sátira generalizada, caucionada por Sancho, aos livros “de caballerias”.

O Rei, o Bardo e a expedição vitoriosa
Em Inglaterra, uma das repercussões da vitória de Lepanto foi o poema “The Lepanto”, do futuro Jaime I, a saudar a vitória da Santa Liga. Jaime VI da Escócia, que, pela morte de Isabel I, em 1603, se tornaria também Jaime I de Inglaterra, era um pensador e escritor de talento, continuador da idade de ouro isabelina e impulsionador da tradução inglesa da Bíblia (a célebre King James Bible).
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Shakespeare era um génio prudente, atento aos riscos e às vantagens da relação com o poder; ou seja, atento às penas da censura isabelina e às vantagens de permanecer nas boas graças do seu sucessor. Ora, tendo o poema do rei Jaime sobre Lepanto sido republicado em 1603, Shakespeare, que conhecia a simpatia do novo Rei pela batalha, não quis deixar de trazer a guerra da Sereníssima contra os turcos para as suas peças. Much Ado About Nothing começa em Messina, depois de Lepanto; e, em Othelo, a expedição vitoriosa de que regressa o shakespeariano “mouro de Veneza”, experimentado capitão mercenário, pode bem ser a grande vitória contra os turcos.
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Os repetidos confinamentos causados pelas sucessivas pestes de Londres davam ao Bardo frequentes ocasiões de leitura e investigação, e Shakespeare terá tido conhecimento da descrição de Lepanto de Richard Knolles na sua História do Império Turco, publicada em Londres, em 1603, sob o copioso título The generall historie of the Turkes from the first beginning of that nation to the rising of the Othoman familie: with all the notable expeditions of the Christian princes against them. Together with the lives and conquests of the Othoman kings and emperours.
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Ali, Knolles sublinha os horrores da batalha, o mar tinto de sangue e o medo dos turcos, que descreve como inimigos jurados da civilização e da Cristandade, à espreita da guerra “como o leão bíblico”. Shakespeare também terá lido os contos de Giovanni Battista Giraldi, conhecido por Cinthio, Gli Hecatommithi. Dois desses contos – “Desdemona and the Moor” e “Egitia” – têm tudo para terem sido fontes importantes para Othelo.
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Ter-lhe-á vindo daí, por exemplo, a ideia de um casamento misto ou intercultural, como a união de Otelo e Desdémona. Com um profundo entendimento da natureza humana, na sua permanente oscilação entre Deus e o Demónio, Shakespeare recriou em Othelo a figura do vilão Iago (que na narrativa de Cinthio, menos subtil, age mais por ciúme e despeito do que por inveja), sob o pano de fundo da guerra pelo Mediterrâneo e da alegria dos cristãos com a vitória sobre os turcos.
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Os novos Lepantos
Não creio que valha muito a pena, na sua celebração, estabelecer retóricas paralelas com a Europa de hoje perante o Islão de hoje. Até porque, hoje, a grande ameaça à civilização não vem de fora, vem de dentro; não vem das armas, vem do irrealismo e do simplismo das ideias que alguns nos querem autocraticamente impor. E vem também da apatia dos que já não defendem nada nem ninguém e da desistência e da falta de comparência dos muitos que, discordando e dissidindo, se calam, se rendem, se conformam. São estes os novos Lepantos. Os nossos Lepantos. Os que nos devem convocar para o combate.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Cavaco Silva: Avisos

Desde 1995 que o país é governado pelo Partido Socialista, tirando apenas férias quando o país estava de " tanga" no pós Guterres ou na bancarrota de Sócrates. [...] Goste-se ou não de Cavaco, este seu último artigo publicado no Expresso é mais uma pedrada no pântano económico, politico e social em que o país se encontra. Infelizmente, por mais clarividente e assertivo que possa ser a sua argumentação encontrará sempre o grupo de (verdadeiros) negacionistas e relativistas do costume que, ao invés de se concentrarem na importância da mensagem, procuram matar o mensageiro. Uns, por sectarismo ideológico, outros - quais arautos da intelectualidade, procurarão atribuir a Cavaco a sua quota de responsabilidade para este estado de sítio, quando, em bom rigor, Portugal recebeu muito mais dinheiro oriundo dos fundos europeus no pós Cavaquismo.
 

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

um ainda mais venerável presidente


Féfé Rodrigues 
O Venerável Presidente Rebelo de Sousa terá de ser submetido a nova uma intervenção cirúrgica. Pelo menos, é isso que avança a revista (de mexericos) 'Nova Gente'.
Será mais uma operação a mais uma hérnia, mas ao que parece não é urgente!

terça-feira, 5 de outubro de 2021

The Partisan Leonard Cohen

 

para os resultados das autárquicas !

os conselhos do alegado director do jornal ao CDS (para conferir com os resultados da Amadora)
...e a apreciação do apoio de Ramalho Eanes a um amigo! 
ouvir AQUI

domingo, 3 de outubro de 2021

Vai falsificar tudo bem, Hortense...

A história dos Corleone tem a sofisticação de Nova Iorque e Las Vegas, a dos Shelby tem a crueldade de Birmingham, mas só a dos Martins fascina os leitores. 15 Set 2020, 00:0469
Sou um grande fã de sagas familiares. Gosto de histórias que acompanham, ao longo de gerações, as aventuras de membros da mesma família. Durante anos, a minha saga favorita foi a dos Corleone. O que eu vibrei com a astúcia daqueles emigrantes sicilianos! Ainda hoje sei de cor falas inteiras d’O Padrinho e não vou a um velório sem referir, para consternação dos parentes, que o defunto dorme com os peixes. Mais recentemente, tornei-me admirador dos Shelby, os Peaky Blinders, e da sua capacidade para beberem álcool desde que acordam até voltarem a acordar. Mas agora ando obcecado é com o clã da deputada socialista por Castelo Branco, Hortense Martins. Saiu ontem o último episódio da epopeia familiar e não descansei enquanto não li. Confirmei que se mantêm todos os atributos que me atraíram a este folhetim. A história dos Corleone tem a sofisticação de Nova Iorque e Las Vegas, a dos Shelby tem a crueldade de Birmingham, mas só a dos Martins fascina os leitores com a mistura de burocracia autárquica e fundos comunitários que Castelo Branco oferece.
A minha admiração por Hortense Martins e pelo seu marido Luís Correia, ex-Presidente da Câmara de Castelo Branco, é antiga. Já escrevi sobre eles aqui e aqui, mas, para quem não está por dentro das actividades do casal e da sua família, deixo um breve resumo.
Hortense Martins vai pagar uma multa de mil euros por ter falsificado um documento em que renunciava à gestão da empresa familiar, a Investel, em favor do pai, Joaquim Martins. Falsificou-o para poder dizer que já não era gestora da empresa em 2011, quando, na realidade, se manteve em funções. Ao mesmo tempo, era deputada com regime de exclusividade. Enquanto gestora concorreu a subsídios comunitários para a construção de empreendimentos hoteleiros. Sucede que, segundo os regulamentos, só se podiam candidatar projectos que não estivessem concluídos e os dois com que a empresa de Hortense embolsou mais de 270 mil euros já estavam terminados e a funcionar há dois anos. Para contornar as regras e habilitarem-se ao dinheiro, disseram que ainda faltavam pagar umas prateleiras no bar. Apesar de, no processo, não constarem as facturas desse mobiliário tão essencial para dar uma obra como concluída. Mas isso não impediu a Adraces, a associação de desenvolvimento regional responsável pela atribuição dos fundos, de considerar que o projecto ainda não estava acabado. A Adraces que era gerida por vários colegas e amigos de Luís Correia, marido de Hortense Martins, à data vereador da CM de Castelo Branco. Entretanto, Luís Correia tornou-se Presidente da Câmara e, ainda mais entretanto, Luís Correia perdeu o mandato por se descobrir que assinara vários contratos camarários com empresas do próprio pai e do sogro, o tal Joaquim Martins. Se fossem Shelbys, que bebem uísque sempre que preparam um golpe, os Martins e os Correia já tinham precisado de transplantes de fígado.

É um resumo incompleto, claro. Falta, por exemplo, referência à vez em que deputados da Comissão do Ambiente foram a Castelo Branco e hospedaram-se no hotel da colega Hortense, apesar de ser proibido. Ou à ocasião em que, sem se rir, Luís Correia afirmou que não se apercebera que estava a assinar um contrato com o próprio pai.
(por José Diogo Quintela aqui )

sábado, 2 de outubro de 2021

um retrato do País oficial: O Estado a que isto Chegou


O
ministro da Defesa desautoriza o Presidente da República, anunciando a intenção de exonerar o chefe do Estado Maior da Armada, à revelia de Belém, o que mereceu pronta reacção de repúdio da parte de Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto comandante supremo da instituição militar.
O ministro das Infraestruturas desafia a autoridade do titular das Finanças, seu colega no Conselho de Ministros, com críticas destemperadas.
Demite-se o director financeiro da TAP após escassos três meses em funções.
Demite-se o director clínico do Hospital de Setúbal em protesto contra a situação de rotura nas urgências.
Um banqueiro condenado a dez anos de pena de prisão - por crimes de fraude fiscal qualificada, abuso de confiança e branqueamento de capitais - foge para o estrangeiro, perante a total passividade da juíza titular do processo. Enquanto a inócua ministra da Justiça, fiel à sua imagem de marca, fala em «desconforto» .
Três magistradas, alegando pretextos vários, recusam julgar um perigoso gangue denominado Hells Angels.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras reteve mais de 3 milhões e meio de euros de fundos comunitários para acolher refugiados em Portugal, entre Janeiro e Setembro.
O Governo remete o País para a cauda dos Estados comunitários em redes móveis de quinta geração: na União Europeia, só Portugal e Lituânia ainda não dispõem de serviços comerciais 5G. 
O ministro da Economia limita-se a exprimir «preocupação», como faria qualquer de nós.
Cento e cinco dias depois, continuamos sem saber a que velocidade seguia a viatura do ministro da Administração Interna que atropelou mortalmente o trabalhador Nuno Santos na A6, perto de Évora.
Eis, em poucas linhas, um retrato do País oficial.
Nada lisonjeiro. Mesmo nada.
(in “Um retrato do País oficial“ por Pedro Correia no Delito de Opiniao)

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Calçada Portuguesa


Um quando lhe perguntarem porque é que a Calçada Portuguesa não foi aceite como
PATRIMÓNIO MUNDIAL lembrem-se desta imagem de 2010

Cinco anos depois os portugueses premiaram o António Costa como Primeiro Ministro e o seu “pupilo”, o portuense Fernando Almeida Correia, que usa como denominação comercial o nome de Fernando de Medina, como seu sucessor na Presidencia da Camara Municipal de Lisboa que fez avançar o desmantelamento da Calçada para outras zonas nobres da Capital Mundial da Calçada Portuguesa

LISBOA! acorda LISBOA!

«Vai para catorze anos que a Câmara de Lisboa está nas mãos do PS, e dos seus aliados pseudo-independentes, todos oriundos da Esquerda. Costa largou a Câmara a 1 de Abril de 2015 para se dedicar à conquista do poder central com os resultados que se conhecem.
Permaneceu nos Paços do Concelho, como segundo quase primeiro, o arquitecto Manuel Salgado que vicissitudes judiciais recentes obrigaram a demitir-se da vereação. Os mandatos de Costa e de Medina não teriam sido os mesmos sem Salgado. E Salgado não teria sido o que foi sem a caução política do actual primeiro-ministro e de Medina. São catorze anos de desprezo pela vida comum dos lisboetas, ao serviço de floreados e da imagem para terceiros verem. Os lisboetas foram expulsos do centro de Lisboa, andem de carro, a pé ou de bicicleta. Fizeram-se alterações no terreno quase exclusivamente a pensar no turismo. Na Baixa, em cada quatro edifícios, três são hotéis ou equivalentes. A obsessão estúpida por ciclovias e pilaretes tornou a cidade infrequentável. 
A Polícia Municipal é um sorvedouro indirecto de receita municipal, sempre à cata de possibilidades de reboque por dá cá aquela palha. 
Já a CML, “elefantizada” por todo o lado, constitui um formoso centro de emprego socialista. E dos muitos complacentes da falsa oposição que por lá se arrastam. São todos primos e primas políticos, socialistas ou não. Não lhes ocorre outro desígnio ou destino que estar e ficar. 
Não tenho nada contra uma cidade virada para fora e cosmopolita. Tenho tudo contra uma edilidade que trata os munícipes como atrasados mentais em nome de interesses transversais e da pura farsa.»