domingo, 6 de dezembro de 2020

os piores cegos !

Ninguém deveria surpreender-se por Ventura e o Chega ocuparem o vazio da revolta inorgânica anti-elites, sobretudo quando exploram ressentimentos e preconceitos

Se formos rigorosos, em muitas frentes André Ventura não faz nada que já não tenha sido feito por outros. Ataques à comunidade cigana por causa do rendimento mínimo? Basta recordar Paulo Portas em 2002.

Só que Portas vinha das boas famílias de Lisboa e o CDS era já uma velho partido com pergaminhos. Fundar uma IV República? Alberto João Jardim há muitos anos que defende o mesmo, mas se o desconsiderarmos como figura algo folclórica, então é bom recordar que Rui Rio se apresentou como candidato à liderança do PSD dizendo que “precisamos de um novo 25 de Abril” e que a Constituição de 1976 estava velha. 
É capaz de não ser menos revolucionário. E algumas das propostas do Chega – que eu abertamente repudio –, como a castração química ou a prisão perpétua, são prática comum em muitos países europeus.
E depois será possível continuar a dizer que não, não há
nenhum problema com a comunidade cigana quando no mais recente 
Estudo Nacional sobre as Comunidades Ciganas, publicado em 2015, se refere que a idade média do casamento das raparigas é aos 16 anos, sendo que mais de 15% casam com menos de 15 anos e que mais de 80% assumem casar pela “lei cigana”?

Mas não, a realidade não interessa e por isso há por aí muita gente a achar que com Ventura vem aí o fascismo e, por isso, pedem a rápida ilegalização do partido pelo Tribunal Constitucional. A estupidez é evidente e só mostra a tacanhez de certos espíritos. Só falta mesmo sugerirem que prendam André Ventura para o impedirem de falar – pior do que um demagogo, só um demagogo mártir.


… há um ano eu já previa “maiorias plurais” à direita, só não imaginava que elas viriam tão cedo. É caso para dizer: habituem-se e, sobretudo, trabalhem melhor, pois não será nos tribunais que derrotarão o Chega.

queria deixar bem claro que também para mim esta posição é apartidária, sem qualquer interesse pessoal ou politico