Um cirurgião português que trabalha a duas horas de Estocolmo foi repreendido logo no início da pandemia por usar máscara no hospital: acusaram-no de estar a assustar os pacientes e os colegas. Quase nove meses depois, recebeu os jornalistas de cara destapada, como todas as outras pessoas que trabalham no hospital.
“Podem usar máscara à vontade mas sabem que só estão a proteger-nos a nós, certo?”
Tirando algumas pessoas no metro, mais ninguém usa máscara em local nenhum: lojas, restaurantes, táxis. Num centro comercial, um segurança estava de máscara, mas baixou-a de propósito para falar com os jornalistas.
A equipa do Observador esteve uma semana na Suécia, a falar com médicos, enfermeiras, funcionários de lares, filhos de idosos que morreram e que sobreviveram, virologistas, economistas, empregados de lojas, empresários, donos de restaurantes, estudantes e com o próprio Anders Tegnell, o epidemiologista principal do país, onde é uma espécie de rockstar, mas também recebe ameaças de morte.
Estocolmo fica apenas a 3 horas e meia de avião de Lisboa, mas tem uma abordagem muito diferente na luta contra a pandemia. O facto de não se ter generalizado o uso de máscara é apenas o lado mais visível. A vida parece correr com alguma normalidade, quase como se não houvesse pandemia, mas nada é assim tão simples na verdade: muita gente segue à risca as recomendações da Agência de Saúde Pública, está em teletrabalho desde Março e não tem contactos sociais fora da sua bolha social. Nas últimas semanas foram instituídas algumas medidas mais duras, como a proibição de ajuntamentos com mais de 8 pessoas ou a interdição de venda de álcool após as 22h, que obriga todos os estabelecimentos com licença a fechar a essa hora.
Reportagem especial a ser publicada em vários artigos aprofundados a partir dos próximos dias no Observador .