Em 19 de Outubro de
1921, uma camioneta, posteriormente apodada de «fantasma» ou da «morte»,
percorreu Lisboa em buscas de vítimas propiciatórias a imolar no altar da
revolução que então grassava na capital portuguesa. Em Portugal, só por ironia
qualificado de «brandos costumes», a extrema-esquerda tinha acabado de derrubar
o governo democrático e havia que entreter a canalha da rua com chacinas
estimulantes. Os algozes que ocupavam a camioneta eram soldados das forças de
segurança – Guarda Nacional Republicana – e alguns marinheiros. Supliciados
durante o percurso ou no seu términus, no Arsenal da Marinha, haviam sucumbido,
entre outros, António Granjo (o ex-primeiro ministro) e os oficiais da Marinha
António Maria Machado Santos e José Carlos da Maia, ambos artífices maiores da
implantação da República em 5 de Outubro de 1910.