sexta-feira, 31 de julho de 2020

tal como os antepassados dele nos deram um Salazar...

Talvez o destino do PS, com a sua tendência de tudo concentrar no Estado e de tudo controlar na sociedade, seja dar um dia um Orbán a Portugal, tal como os seus antepassados lhe deram um Salazar.
Um hipotético governo Rio-Ventura poderia, portanto, ser uma nova época na direita portuguesa. Ao invés dos governos de Durão Barroso ou de Passos Coelho, não tentaria reformar o Estado, mas apenas ocupar o Estado, isto é, desalojar o PS, de modo a que passasse a ser a direita a manipular o mecanismo de influências e de promiscuidades através do qual os socialistas controlam a sociedade portuguesa.  A direita, finalmente, poderia mandar na administração pública, nas empresas, nos bancos, na comunicação social, na vida dos portugueses, tal como agora fazem os socialistas. Um socialismo “nacional”, protagonizado pela direita, substituiria o actual socialismo “politicamente correcto”, protagonizado pela esquerda.
Nessa altura, atirados para a rua, o PS e os seus parceiros, desamparados, tentarão talvez enrolar-se nas bandeiras da liberdade e da democracia, e acusar os seus sucessores de serem o equivalente português dos Orbán, dos Bolsonaro ou dos Trump. Se Rio e Ventura arranjarem dinheiro (europeu, claro) para pagar aos dependentes do poder, poderão ignorar olimpicamente essas rábulas de anti-fascismo. Talvez então os socialistas e os seus parceiros tenham tempo para se lembrar que foram eles quem construiu o mecanismo de poder que subverteu a democracia em Portugal. Provavelmente, terá sido esse sempre o destino do PS e da esquerda portuguesa, com o seu facciosismo e a sua tendência de tudo concentrar no Estado e de tudo controlar na sociedade: darem um dia um Viktor Orbán a Portugal, tal como os seus antepassados republicanos, na década de 1920, lhe deram um Salazar. (in “O PS vai dar um Orbán a Portugal?por Rui Ramos )