segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Hegemonia e bloco hegemónico para Gramsci!.


Gramsci ficou famoso principalmente pela elaboração do conceito de hegemonia e bloco hegemónico, e também por focar no estudo dos aspectos culturais da sociedade (a chamada super-estrutura no marxismo clássico) como elemento a partir do qual poder-se-ia realizar uma acção política e como uma das formas de criar e reproduzir a hegemonia.
Alcunhado em alguns meios como "o marxista das super-estruturas", Gramsci atribuiu um papel central à separação entre infraestrutura (base real da sociedade, que inclui forças produtivas e relações sociais de produção) e super-estrutura (a ideologia, constituída pelas instituições, sistemas de ideias, doutrinas e crenças de uma sociedade), a partir do conceito de "bloco hegemónico". Segundo esse conceito, o poder das classes dominantes sobre o proletariado e todas as classes dominadas dentro do modo de produção capitalista não reside simplesmente no controle dos aparelhos repressivos do Estado. Se assim fosse, tal poder seria relativamente fácil de derrocar (bastaria que fosse atacado por uma força armada equivalente ou superior que trabalhasse para o proletariado). Este poder é garantido fundamentalmente pela "hegemonia" cultural que as classes dominantes logram exercer sobre as dominadas, através do controle do sistema educacional, das instituições religiosas e dos meios de comunicação. Usando deste controle, as classes dominantes "educam" os dominados para que estes vivam em submissão às primeiras como algo natural e conveniente, inibindo assim sua potencialidade revolucionária. Assim, por exemplo, em nome da "nação" ou da "pátria", as classes dominantes criam no povo o sentimento de identificação com elas, de união sagrada com os exploradores, contra um inimigo exterior e a favor de um suposto "destino nacional" de uma sociedade concebida como um todo orgânico desprovido de antagonismos sociais objectivos. Assim se forma um "bloco hegemónico" que amalgama a todas as classes sociais em torno de um projecto burguês. O poder hegemónico combina e articula a coerção e o consenso.
Para Gramsci a hegemonia é o conceito que permite compreender o desenrolar da história italiana e do Risorgimento particularmente, que poderia ter adquirido um carácter revolucionário se contasse com o apoio de vastas massas populares, em particular dos camponeses, que constituíam a maioria da população.
Também para Gramsci o que limitou o alcance da Revolução Burguesa em Itália foi o facto de não ser guiada por um partido Jacobino, como na Revolução Revolução Francesa, onde a participação camponesa, apoiando a revolução, foi decisiva para a derrota das ”forças da reacção” aristocráticas.