Gramsci
ficou famoso principalmente pela elaboração do conceito de hegemonia e bloco hegemónico, e também por
focar no estudo dos aspectos culturais da sociedade (a chamada super-estrutura
no marxismo clássico) como elemento a partir do qual
poder-se-ia realizar uma acção política e como uma das formas de criar e
reproduzir a hegemonia.
Alcunhado
em alguns meios como "o marxista das super-estruturas", Gramsci atribuiu um papel central à separação entre infraestrutura (base real
da sociedade, que inclui forças produtivas e relações sociais de produção) e super-estrutura
(a ideologia,
constituída pelas instituições, sistemas de ideias, doutrinas e crenças de uma
sociedade), a partir do conceito de "bloco hegemónico". Segundo esse
conceito, o poder das classes
dominantes sobre o proletariado e
todas as classes dominadas dentro do modo de produção capitalista não
reside simplesmente no controle dos aparelhos repressivos do Estado. Se assim
fosse, tal poder seria relativamente fácil de derrocar (bastaria que fosse
atacado por uma força armada equivalente ou superior que trabalhasse para o
proletariado). Este poder é garantido fundamentalmente pela "hegemonia" cultural que as
classes dominantes logram exercer sobre as dominadas, através do controle
do sistema educacional, das instituições
religiosas e dos meios de comunicação. Usando deste controle,
as classes dominantes "educam" os dominados para que estes vivam em
submissão às primeiras como algo natural e conveniente, inibindo assim sua
potencialidade revolucionária. Assim, por exemplo, em nome da
"nação" ou da "pátria", as classes dominantes criam no povo
o sentimento de identificação com elas, de união sagrada com os exploradores,
contra um inimigo exterior e a favor de um suposto "destino nacional"
de uma sociedade concebida como um todo orgânico desprovido de antagonismos
sociais objectivos. Assim se forma um "bloco hegemónico" que amalgama
a todas as classes sociais em torno de um projecto burguês. O
poder hegemónico combina e articula a coerção e o consenso.
Para
Gramsci a hegemonia é o conceito que permite compreender o desenrolar da
história italiana e do Risorgimento particularmente, que poderia ter
adquirido um carácter revolucionário se contasse com o apoio de vastas massas
populares, em particular dos camponeses, que constituíam a maioria da
população.
Também para Gramsci o que limitou o alcance da Revolução Burguesa em Itália foi o facto de não ser
guiada por um partido Jacobino, como na Revolução Revolução Francesa, onde
a participação camponesa, apoiando a revolução, foi decisiva para a derrota das ”forças da reacção” aristocráticas.