Os objectivos políticos
reais do 25 Nov.75 foram: -
1º Recuo estratégico do PCP/
URSS no controle que detinha sobre o Poder político de Portugal e passagem para
os bastidores da revolução, para acalmar o Povo Português e a comunidade
internacional, alarmados estes com os excessos comunistas em Portugal.
2º Eliminação das extremas
esquerdas anarco comunistas, inúteis e já incontroláveis politicamente pelo
PCP.
Descrição e leitura política
do 25 Nov.75
Portugal alvorece em pé
guerra; o País sofre mais uma convulsão de epilepsia revolucionária.
Capitão para-quedista,
recém-chegado de Angola, sou acordado com um telefonema que me diz: -” Vermelho
9”; tal código determina-me a apresentação imediata na Base Aérea da OTAN na
Cortegaça, e assim fiz.
Estava em curso a terceira e
última golpada do processo revolucionário iniciado com o 25Abr74, acelerado com
o 11 Mar.75 e desacelerado intencionalmente com o 25 Nov.75, por razões que
adiante se compreenderão.
Na noite de 24 para 25
Nov.75, sargentos e soldados para-quedistas do Regimento de Tancos ocuparam as
bases aéreas, prenderam os respectivos Comandantes, e exigiram a demissão do
Chefe de Estado-Maior da FAP, o General Morais e Silva.
Os fuzileiros, a PM do
Exército, o Ralis e a Escola de Administração Militar etc. solidarizaram-se com
os paraquedistas; obedeciam todos às ordens do acéfalo herói de Abril, Major
Otelo Saraiva de Carvalho, Comandante do COPCON, Comando Operacional do
Continente.
Aparentemente, o PCP e a
extrema-esquerda faziam o assalto final ao Poder. Seguiram-se diversos
desenvolvimentos militares e políticos para contenção dos revoltosos em pé de
guerra; as forças de contenção eram lideradas militarmente pelo Tenente Coronel
Ramalho Eanes e, politicamente, pelo Major Melo Antunes.
Aquelas acções e, outras que
se seguiram, saldaram-se por três militares mortos entre os Comandos e a
Polícia Militar do Exército na Ajuda, e terminaram com o sucesso da facção
oposta ao Major Otelo S. de Carvalho.
O Major Otelo é derrubado,
mais tarde é detido e bem, depois foi solto e mal; a revolução devorava mais um
dos seus filhos, o mais dilecto, e paria novos heróis, como todas as outras.
O TenCor Ramalho Eanes
ascende à condição de “herói” circunstancial, é promovido a general e mais
tarde eleito Presidente da República; foi o triunfo do seu carisma militar,
honestidade pessoal, profissional e confiança política.
No terreno, os mais activos
heróis desta “guerra” do 25 Nov.75 foram, no entanto, o Coronel Jaime Neves e
os seus Comandos, não desconsiderando as acções relevantíssimas dos 122
oficiais paraquedistas as dos aviões e Oficiais pilotos aviadores da FAP,
concentrados na Base da OTAN na Cortegaça (onde estive na circunstância) e de
terceiras figuras várias, como foi o General Pires Veloso, Comandante da Região
Militar do Porto, dito Vice-Rei do Norte, etc…
O folclórico esquerdista
Major Otelo S. Carvalho e seus seguidores, a irracionalidade surrealista da
extrema-esquerda, a falta de informação e manipulação política total dos
sargentos e soldados paraquedistas, tudo isso foi usado neste golpe magistral
do PCP, para este os mobilizar para a execução de acções militares
irresponsáveis e que foram usadas, depois de contidas, como razão para eliminar
da vida política aquelas forças e entidades de extrema esquerda.
Forças de extrema esquerda
aquelas, civis e militares, que tinham sido criadas e alimentadas,
intencionalmente, para servirem propósitos revolucionários que se esgotaram com
a independência de Angola a 11 Nov.75.
Depois tiveram de ser
neutralizadas, porque o PCP as considerava já inúteis, incontroláveis,
contraproducentes e também para acalmar a Europa e os EUA, alarmados que
estavam com a bandalheira anarco comunista em que Portugal se transformara.
Antes do 25 Nov.75, Henry Kissinger, então Secretário de Estado dos EUA,
afirmava que Portugal era já, e seria ainda mais, a vacina anticomunista da
Europa.
Em Espanha estava em
perspectiva a legalização do Partido Comunista Espanhol; a França e a Itália,
em vésperas de eleições, esperavam votações significativas nos seus Partidos
Comunistas.
Atingido o objectivo
prioritário da URSS/PCP pós 25 Abr.74, ou seja, a descolonização total pró
URSS, o PCP tinha de sair da ribalta política em Portugal, para que os avanços
europeus atrás previstos se concretizassem, e para que o comunismo português
não se transformasse na tal vacina de que Kissinger falava, o que não
interessava à URSS. E foi isso que a dupla PCP/URSS fez com o 25 Nov.75, deu
uns passos atrás em Portugal para acalmar e avançar na Europa, e sossegar os
sentimentos anti comunistas em Portugal.
Como é que o PCP organizou o
25Nov.75?
O 25 Nov.75 foi concebido,
planeado e dirigido encobertamente pela URSS/PCP e alguns elementos do MFA,
Movimento das Forças Armadas.
Raimundo Narciso do PCP, que
em 75 tratava dos “assuntos militares”, afirmou que de facto o PCP foi a cabeça
da organização da contenção do 25 Nov.75, e foi também quem orientou a esquerda
militar, liderada por Otelo S. de Carvalho, na organização e lançamento do
mesmo, seja, criou o incidente e controlou, sempre à rectaguarda, as duas
facções em oposição. Desde o 25 Abr.74, que a URSS controlou em absoluto o
poder político e militar em Portugal através do PCP e seus sucedâneos, até nos
conseguir “expropriar” todas as colónias, com o nosso acéfalo contentamento,
empenhamento e crença convicta nos vigários contos das verdades deles, que
fizemos nossas.
A última colónia a ser
entregue à URSS foi Angola, em 11 Nov.75 e em formato de neocolónia; não foi
por acaso que o 25 Nov.75 ocorreu logo 14 dias depois do 11 Nov.75.
O 25 Nov.75 estava a ser
preparado desde Agosto 75, pelo maquiavélico Major Melo Antunes, através do seu
“Documento dos Nove”, inspirado este, encobertamente, pelos interesses do PCP.
Andei, pessoalmente, a fazer
sessões de esclarecimento sobre este documento em Angola, na qualidade de
eleito na Comissão MFA do Batalhão de Paraquedistas, BCP21, convencido eu que
este seria para conter os excessos ditatoriais do PCP e afins em Portugal; foi
e não foi, tempos de enganos e desenganos!
Este então célebre
documento, pelo seu propositado conteúdo anti excessos políticos em curso no
Verão de 75, serviu para captar todas as forças à direita do PCP e para as
preparar mental e operacionalmente para uma acção normalizadora desses
excessos, e que vieram a constituir as forças de contenção do 25 Nov.75.
Para ultimação do 25 Nov.75,
o Coronel Mankeiev da KGB/ URSS chegou a Portugal em 18 Nov.75 e partiu em 23
Nov.75, tendo estado no quartel general do COPCON, Forte do Alto Duque, com o
Major Otelo e com uma célebre figura do PCP, Jaime Serra, responsável das
acções clandestinas do partido.
De 18 Nov. a 23 Nov.75 e no
COPCON, estas entidades finalizaram os detalhes da componente política ,
operacional e ofensiva do 25 Nov.75, ou seja, o plano cumprido pelas forças
militares que seguiram Otelo, em particular os Paraquedistas, a Polícia
Militar, Fuzileiros e outros… ligados à extrema esquerda.
Eu confirmei, pessoalmente,
a vinda e estadia do Coronel Mankeiev no COPCON, em documentos escritos
constantes do processo do Otelo/COPCON, quando mais tarde integrei, oficialmente,
a Comissão Nacional de Averiguações aos Acontecimentos do 25 Nov.75.
O Expresso noticiou também
na altura esta presença, assim como a sua chegada e partida ao aeroporto de
Lisboa.
Ambas as facções em
confronto no terreno, os civis e militares do Major Otelo, aos quais o PCP
esteve inicial associado, e os seus opositores liderados pelo TenCor Ramalho
Eanes, todos foram telecomandados pelo PCP, uns mais e outros menos conscientes
disso, mas a maioria ainda hoje está convicta de outra coisa qualquer.
Da facção do TenCor Ramalho
Eanes (onde me incluía entre os oficiais paraquedistas), só o Major Melo
Antunes tinha pleno conhecimento de tudo, pois foi ele o seu principal
planeador político militar, sob orientação do PCP e este da URSS. (Rússia)
O Major Otelo ignorava que,
para ele e toda a extrema-esquerda que o orbitava, estava reservado, desta vez,
o papel de carneiros a serem sacrificados no altar da revolução e dos
interesses da URSS (Rússia), e foram eliminados nas suas próprias inocências
úteis.
A arte e a eficiência da
dupla URSS/PCP na concepção, planeamento e execução de tais acções, autênticas
obras-primas do golpismo político militar, de engenharia da opinião pública, de
manipulação dos militares, do povo e da política, foram absolutamente notáveis,
de tal modo que esta verdade ainda hoje não é compreendida e nem sabida.
Ultrapassando este incidente
do 25 Nov.75, importa considerar que houve uma inteligente, oportuna e eficaz
lógica política golpista, sequencial e inexorável, de todos os eventos da
revolução em Portugal, que não foi e não é acessível à opinião pública comum,
intoxicada com correcções políticas.
As versões oficiais dos
eventos chave do processo revolucionário português, sejam o 25 Abr.74, o 28
Set.74, 11 Mar.75 e 25 Nov.75 estão manipuladas; só a cronologia dos factos
conhecidos e os agentes activos à vista estão correctos, e pouco ou nada mais.
Qual foi a lógica sequencial
e os propósitos políticos subjacentes ao 25 Abr.74, 28.Set.74, 11 Mar.75 e 25
Nov.75?!
Os objectivos imediatos do
25 Abr.74 foram: - 1º mudar o regime, 2º terminar a guerra do Ultramar e 3º
descolonizar, exclusivamente, em favor da URSS (Rússia), conforme Pacto de
Paris de 27 Set.73, inspirado pela URSS (Rússia) e acordado entre o PCP e o PS.
Feito o 25 Abr.74, mudado o
regime, declarado o fim das acções ofensivas das FAP´s em África logo na 2ª
semana de Maio, pelo General Costa Gomes (pró PCP), CEMGFA, havia, pois, que
descolonizar em favor da URSS (Rússia).
Mas o General A. Spínola,
Presidente da República, e porta Bandeira do 25 Abr.74, era contra a
descolonização sumária, imediata e pró URSS. Spínola defendia um processo de
descentralização e autonomia das províncias que, ao longo de um período
alargado de tempo lhes permitiria o acesso às independências, com salvaguarda
dos interesses de todas as partes envolvidas, no contexto duma Federação de
Estados sob a Bandeira de Portugal. (era também o pensamento da CIA/EUA).
Por este facto, as entidades
comprometidas com a descolonização pró URSS (Rússia), (Pacto de Paris de 27
Set.73), o PCP e a esquerda em geral, tiveram que neutralizar politicamente o
General Spínola. Para o efeito, conceberam e realizaram a chamada marcha da
“Maioria Silenciosa” em 28 Set.74, fazendo constar e parecer ter sido inspirada
pelo General A. Spínola, a quem acusaram (via intensa propaganda dos média,
controlados pela esquerda) de querer usar tal “Maioria Silenciosa” para
reverter as conquistas de Abril e forçaram o General a resignar da Presidência.
Mas, o General Spínola,
embora resignado de funções oficiais, continuou a polarizar em torno de si
muitos militares e civis , dotados estes de elevada consciência dos interesses nacionais,
e que discordavam das descolonizações imediatas pró URSS (Rússia), sem
consultas prévias e ou eleições.
Identificado o General
Spínola e os seus “seguidores” pelo PCP e afins, como obstáculo à
descolonização pró URSS, e à sua aceleração, houve que os neutralizar política
e fisicamente, o que o PCP e satélites políticos efectivaram com a golpada do
11 Mar.75, enfiando nas enxovias de Caxias todos os civis e militares listados
como opositores a tal desiderato; só os libertaram, sem julgamento, depois da
independência de Angola.
Com o General Spínola a
monte e fugido do País depois do 11 Mar.75 e os potenciais opositores à
descolonização pró URSS todos enjaulados em Caxias, sendo o Presidente da
República Costa Gomes e o PM Vasco Gonçalves, dois convictos pró URSS (Rússia),
Portugal avançou rapidamente e em força com a entrega de todas as colónias à
URSS (Rússia), na pessoa dos seus movimentos armados naquelas províncias,
através das hipocrisias das independências neocoloniais.
Simultaneamente, a
sovietização do País ia de vento em popa, de que resultaram graves inquietações
políticas internacionais dos EUA e Europa e mais ainda nacionais, face à
intensiva comunização do País.
Tendo a URSS (Rússia)
atingido todos os seus objectivos em Portugal em 11.Nov.75, com a independência
neocolonial de Angola em seu favor…. a URSS decidiu então avançar com o 25
Nov.75, usando para o efeito o seu PCP e sucedâneos.
Conforme já atrás exposto o
25 Nov.75 foi, pois, planeado e levado à execução pelo PCP para eliminar a já
inútil e incontrolável extrema-esquerda, e para recuar na sovietização do País,
camuflando-se nos bastidores do poder e, acalmar assim a Europa e os EUA, e o
próprio povo português, que já andava a incendiar as sedes comunistas pelo País
fora, de Rio Maior para Norte.
O Major Melo Antunes salvou
o PCP de ser perseguido e afectado pelo 25 Nov.75, ao fazer uma intervenção
urgente e convincente na RTP, garantindo aos portugueses ser o PCP essencial e
necessário à democracia.
Neste processo histórico,
iniciado com o 25 Abr.74, os políticos e o povo em geral foram manipulados por
modernos catecismos políticos, com ideias novas e ou reformatadas e variados
“ismos”, mas, os seus objectivos reais foram e são sempre os mesmos: - O saque
do Homem pelo Homem, ou neste caso, dum Estado (Portugal) por outros Estados
(URSS), tudo mascarado sempre, com as mais nobres ideologias, utopias e valores
humanos em alegado proveito dos povos deles vítimas.
Do 25 Nov. 75 diz-se hoje
ter sido feito por militares e políticos honrados e corajosos, que se
organizaram militar e politicamente, para devolver a Liberdade aos portugueses
que lhes foi dada em 25 Abr. 74 e roubada ainda nesse dia pela URSS através do
PCP, assim resultou, mas a história não foi linear, foi como aí está expressa.
José Luís da Costa Sousa
Capitão Paraquedista
que integrou toda a acção do
lado oposto ao Otelo Saraiva de Carvalho e extrema esquerda, e integrou também
a Comissão Nacional de Inquérito aos acontecimentos do 25 de Nov. 75.