Recapitulemos:
1 - A promessa eleitoral do Cipras
era que iria renegociar a dívida, obter um perdão substancial e formar uma
coligação de convocasse uma conferência europeia sobre as dívidas soberanas
mas
o acordo diz taxativamente que a República
Helénica se compromete a honrar as suas dívidas e os seus prazos de pagamento.
2 - Cipras proclamou que o memorando
tinha acabado e troika também.
mas
no acordo o que ficou escrito foi que
o “memorando” se passa a chamar Master Financial Assistance Facility Agreement
(MFAFA) ou “o actual acordo” e a troika, nome inventado e propagado pelo
nosso reviralho, muda de nome para “as instituições” que continuarão a ser o BCE,
a CE e o FMI e, claro, os técnicos (da troika) que costumavam visitar Atenas
vão continuar a visitar e a vigiar Atenas.
Quanto ao dinheiro, esse só voltará a
fluir para a República Helénica quando “as instituições” e o Eurogrupo o aprovarem.
2 - Na primeira reunião do Governo
Helénico, realizada com as televisões a transmitirem em directo, foram
anunciadas medidas como o imediato aumento do salário mínimo ou a suspensão das
privatizações.
mas
no acordo com o Eurogrupo, a Grécia
aceitou que não tomará “medidas unilaterais”.
E agora, o que se segue?
Porque o “acordo” é
apenas um pré-acordo, o governo helénico, de extremas direita e esquerda, terá de ser "vendido" aos seus próprios deputados e aos seus votantes.
Algo que para quem leu The Pig’s Farm
de Orwell parece fácil
mas
no
final de Abril haverá nova avaliação, pouco antes de o período de extensão do
financiamento caducar no final de Junho e
em Julho
e Agosto quando a República
Helénica terá de pagar 6.9 mil
milhões de euros dos empréstimos vencidos.
Aqui já
começará a ser dificil aplicar as premonições de Orwell. (JMF in Observador)
Em
Outubro haverá eleições em Portugal, depois serão as da Espanha e antes destas
os eleitores ditarão as da Finlandia…
Até lá…