terça-feira, 6 de agosto de 2013

a Ponte...

Corria o ano de 1953 quando foi criada uma comissão com o objectivo de estudar e apresentar soluções sobre a questão do tráfego ferroviário e rodoviário entre Lisboa e a margem sul do Tejo. Eram várias as soluções que tinham surgido após uma primeira em 1876. Como curiosidade registe-se que todas foram apresentadas em anos de profunda crise económica ou política (em 1888, 1889, 1890, 1913, 1929 e 1935).
Em 1958 decidiu-se oficialmente a construção de uma ponte e aberto um concurso público internacional para que fossem apresentadas propostas para a construção. Em 1960, após a apresentação de quatro propostas, a obra foi adjudicada à norte-americana United States Steel Export Company, que, já em 1935, tinha apresentado um projecto para a sua construção.
A 5 de Novembro de 1962 iniciaram-se os trabalhos de construção.
Quatro anos após, passados 45 meses, a ponte sobre o Tejo foi inaugurada a 6 de Agosto de 1966, seis meses antes do prazo previsto...
O seu custo rondou, preço à época da sua construção, o valor de dois milhões e duzentos mil contos, 15 milhões de euros na actualidade.
A ponte, que se chamou de Salazar e foi rebaptizada de “vinte e cinco de abril” sempre foi conhecida pelos alfacinhas como a “Ponte”. Assim o continua a ser por aqueles que a”viram” construir...
Contudo o facto menos falado e muito escondido (a bem de uma certa “transparência”?) é que, para se construir a ponte, pela primeira vez desde o século XIX, se recorreu, com êxito, ao crédito externo.
Não pensem que, como foi, e é, amplamente propagado existia, por parte do “estado novo”, uma aversão a que se recorresse a dinheiro que fosse emprestado por aquilo a que hoje chamamos “mercados”.
O problema é que ninguém nos emprestava um “chavo” enquanto não pagássemos aquilo que devíamos!
Durante meio século fomos párias nos mercados internacionais e nem o ouro acumulado, em tempo de guerra, nos libertou de ter que pagar, já no sec. XXI, as prestações e respectivos juros da divida que já vinha do sec. XIX.
A “Ponte”, além de ligar o Norte ao Sul, ligou-nos ao mundo moderno da finança internacional.