domingo, 13 de dezembro de 2009

assim vamos em alta velocidade

António Mendonça, ministro das obras do governo, a propósito da anunciada a adjudicação da concessão do troço Poceirão-Caia, ao agrupamento ELOS- Ligações de Alta Velocidade, integrado na ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid que será iniciada em 2010, devendo entrar ao serviço em 2013, de acordo com o calendário definido pelo Governo - a experiencia ensina-nos que a “derrapagem é inevitável e cara -, debitou: «Eu acho que o TGV é precisamente a resposta à crise, porque temos de separar aquela crise que é a manifestação da crise internacional, das dificuldades mais amplas, que são de natureza estrutural e que têm a ver com a perda de competitividade do país». Sol
Aníbal Cavaco Silva, o presidente, evitou hoje pronunciar-se sobre a decisão do Governo de adjudicar o primeiro troço da linha de alta velocidade que servirá apenas as ligações á Espanha, já que a bitola entre carris não permitirá a ligação á Europa. Á sua maneira lá foi leccionando jornalistas e jovens do Roteiro da Juventude: “Nem tão pouco o TGV consegue esconder os benefícios que eu aponto ao trabalho feito pelos jovens portugueses em matéria de iniciativa e de inovação que tive oportunidade de revelar nos últimos dias e isto não quero que seja interpretado como uma avaliação custo/benefício do TGV, assunto sobre o qual eu já falei noutras ocasiões”. Depois, talvez porque se sentiu politicamente pouco correcto, preferiu chamar a atenção para as iniciativas dos jovens em matéria de inovação e criatividade e frisou que os benefícios que decorrem da iniciativa dos jovens são mais importantes para o futuro do país do que propriamente o TGV e, segredou aos OCS’s de serviço: “Espero que não ponham no ar essa matéria [TGV] porque as outras são muito mais importantes porque têm a ver com o Portugal no futuro”. Público
Fernando Augusto Morais, também presidente, mas da Associação Nacional de Pequenas e Médias Empresas, classificou hoje o projecto do TGV como um "mega sacrifício nacional", que não tem "retorno a curto ou médio prazo" e que "condiciona a sustentabilidade" do país e que "serve apenas os interesses da economia espanhola".. "É oneroso e ridículo pensar que o TGV fará o milagre de nos tornarmos competitivos, de travarmos as falências e o crescimento da taxa de desemprego". i Manuel Moura, ex-presidente da Rede de Alta Velocidade, do Governo de António Guterres, afirma que o projecto deste Governo é um «erro histórico», que vai sair caro à economia portuguesa. reVisões A Oposição maioritária divide-se. Paulo Portas, presidente do CDS-PP, refere que «Há dois milhões de postos de trabalho que dependem das PME» e defendeu que o Governo devia orientar a política económica para ajudar as pequenas e média empresas em vez de avançar com «três grandes obras». «Três grandes obras ao mesmo tempo, TGV, novo aeroporto e terceira ponte sobre o Tejo, arriscam-se a consumir o crédito que está disponível e que já não é muito», além disso «tiram folga para que a viragem da política económica para quem precisa dela, as pequenas e médias empresas, que são 90 por cento das empresas de Portugal e representam 80 por cento do emprego», acrescentou. Jerónimo de Sousa, Secretario-Geral do antigo partido do actual ministro, avançou com uma posição de defesa do investimento no projecto de Alta Velocidade, conjugando-o, no entanto, com uma aposta na modernização da rede ferroviária nacional. «A Alta Velocidade é um investimento fundamental, Portugal não se pode isolar da Europa», disse aos jornalistas, no final de um almoço-convívio com militantes comunistas na Figueira da Foz. No entanto defende, e bem, como medidas de fundo, a valorização do caminho-de-ferro nacional e a necessidade da sua modernização. «Ainda estamos a tempo de valorizar a nossa linha férrea nacional, sem prejuízo desse investimento que nos liga à Europa numa perspectiva de desenvolvimento», frisou. diário-tvi24
O PSD, sem presidente, depois da campanha eleitoral e do parecer da Profª Manuela Ferreira Leite, deixou de se referir ao assunto. (A teoria da conspiração dirá que é por causa de uns “lugaritos” a distribuir na gestão dos TGV...). Afinal quem tem razão? Se existisse a possibilidade de responsabilizar, no futuro, os promotores de projectos que atentassem contra os interesses nacionais “outro galo cantaria”. Mas por cá vamos aprendendo que os políticos devem ser inimputáveis além de irresponsáveis...