quarta-feira, 9 de julho de 2008

para ler como antigamente,,,nas entrelinhas!










Pasmo e fico impassível, sem reacção, no colectivo em que me transporto.
O carteirista de serviço, a meu lado, mantém teimosamente a mão no meu bolso e nem disfarça.
Outros especialistas em vigarices actuam despudoradamente e ninguém se queixa. O chefe da quadrilha é o rosto visível que ordena aos seus sicários que cumpram o que lhes foi exigido. Nem se trata de alguém experiente. A irreverência de maçarico fê-lo adquirir o à-vontade da sobranceria, a atitude descabelada de querer tudo à sua imagem. Os passageiros, amedrontados, não reagem, mantêm-se no estado hipnótico a que foram submetidos. Viajam para um destino incerto, exauridos e deprimidos, sem vontade de mudança.
No que me resta de lucidez, desejo avidamente o estremeção, o cataclismo, algo que na ânsia de sobreviver nos obrigue a reagir. J. Leitão Baptista Global 090708