segunda-feira, 29 de julho de 2024

O percurso do Movimento Federalista Português - Partido do Progresso 1974

O Movimento Federalista Português - Partido do Progresso deixou, sem dúvida, uma marca indelével na política portuguesa. Um partido com uma organização bem estruturada e presença ativa no exterior foram fatores que tornaram o partido numa força a ser reconhecida, embora tenha enfrentado reveses na realização dos seus objetivos principais, as contribuições e o legado do MFP-PP no cenário político permanecem significativos. Este fator organizacional é, de resto, decisivo para o papel relevante que desempenhou na sua área política, mas tem também uma motivação fundamental para isso, na medida em que o MFP-PP transporta para o novo regime uma estrutura e dinâmicas políticas construídas durante os anos finais do estado novo. Para além da estruturação política que conferiu ao partido uma implementação assinalável no centro e norte do país e consequente tipificação de um eleitorado, o partido alcança uma dimensão peculiar em todo o espectro político com a sua dimensão organizacional no ultramar.

No concernente às relações com o poder político, fica provada, sobretudo, uma ligação umbilical entre o partido e o general Spínola, cujos destinos políticos ficam fatalmente ligados. O MFP-PP estava, de facto, relativamente bem posicionado ao nível de relações e pontos de contacto com o poder político-militar da presidência do general Spínola, sendo disso exemplo a referida ligação pessoal que José Valle de Figueiredo mantinha com o general, bem como os contactos com o assessor diplomático da presidência, embaixador Nunes Barata, e o seu ajudante-de-campo, capitão Armando Ramos. Este factor reveste de singular importância o MFP-PP relativamente a todos os outros movimentos políticos surgidos à direita após o 25 de Abril.

Por outro lado, o facto do presidente da república encarar, desde a primeira hora, o MFP-PP como um mero aliado secundário, a quem recorre apenas em último recurso, sendo a malograda manifestação do 28 de setembro disso ilustrativa, impossibilita a formação de um bloco político capaz de disputar o poder efetivo do estado com as esquerdas, unidas nesta altura do período revolucionário em torno da comissão coordenadora (Rezola, 2006). Além disso, teria sido importante diminuir a dependência que se fazia sentir no MFP-PP, e genericamente da área política que lhe corresponde, face ao presidente da república e às vicissitudes da ala político-militar que o apoiava. É, pois, factual que o partido nunca almejou autonomizar-se das suas escolhas políticas, procurando, pelo contrário, o seu beneplácito sempre que possível, mesmo quando as suas opções se revelavam perniciosas para os interesses do partido, sendo paradigmática a ocasião de 27 de julho de 1974, em que o partido escolhe deliberadamente não criticar a presidência da república, escudando-se numa crítica velada à Junta de Salvação Nacional.

O relacionamento com os partidos à esquerda, mormente a rivalidade construída com o PCP - evidenciada ao longo do Verão de 1974 com as escaramuças ocorridas de norte a sul do país, recíproca ao ponto de este ter constituído o MFP-PP como principal alvo da sua “tática de salamização” do sistema político através da intentona do 28 de Setembro (Amaral, 1995) -, é, de resto, mais uma prova da relevância política do partido no período em questão. Destaca-se também a relação de tensão com o CDS, ainda que de forma menos conspícua, por esta rivalidade se centrar numa disputa autofágica de meios de financiamento e bases militantes.

Não obstante, o MFP-PP, dentro da sua lógica frentista, e tendo conta o papel liderante que desempenhava na sua área política, tem um ónus acrescido no facto de apenas ter conseguido reunir dois partidos na “grande coligação das direitas”, a FDU, demonstrando uma certa incapacidade para recuperar o dinamismo centrípeto após o 27 de Julho de 1974, deixando de fora partidos que anteriormente tinham colaborado com o MFP-PP, como é o caso do MPP. É, ainda, indiscutível o facto de que o projeto político do MFP-PP falha em toda linha. Sobretudo tendo em conta o grande móbil do partido que conferia ao MFP-PP um protagonismo central no seu espaço político, o ultramar. Não só não conseguem vencer a batalha política do federalismo face ao modelo de entrega imediata aos movimentos guerrilheiros marxistas-leninistas propugnado pelas esquerdas, como tampouco faz valer qualquer tipo de consulta referendária para decidir o futuro daquelas populações.
(Rafael Oliveira Dias – O Percurso do Movimento Federalista Português – Partido do Progresso)

https://impactum-journals.uc.pt/rhsc/article/view/13810/9878?fbclid=IwY2xjawESDKJleHRuA2FlbQIxMAABHQp-

sábado, 27 de julho de 2024

o Movimento Federalista Português . Partido do Progresso

[é impossível ocultar a História! 
50 anos depois começa a verdade começa a emergir]

O MFP-PP destacou-se como um dos principais actores partidários da direita política durante a sua existência, correspondente ao período de transição democrática subsequente ao 25 de Abril de 1974 até ao afastamento do Presidente da República, António de Spínola, com os acontecimentos de 28 de Setembro de 1974. O principal fator de diferenciação deste movimento partidário face à miríade de partidos políticos à época foi, sobretudo, a sua densidade ideológica, corolário de um arquétipo doutrinário paulatinamente consolidado em virtude das origens políticas do MFP-PP nos últimos anos do Estado Novo. Este artigo caracteriza ideologicamente o MFP-PP, explanando os seus pilares doutrinários e dissecando os seus vetores estruturantes de ação política, por forma a categorizar assertivamente o MFP-Partido do Progresso dentro do espectro político-ideológico estrutural e epocal.

O Movimento Federalista Português – Partido do Progresso deixou, sem dúvida, uma marca indelével na política portuguesa. A sua organização bem estruturada, ideologicamente distinta e presença ativa no exterior foram fatores que tornaram o partido numa força a ser reconhecida. Embora tenha enfrentado reveses na realização dos seus objetivos principais, as contribuições e o legado do MFP-PP no cenário político permanecem significativos.

De facto, o desmantelamento sucessivo de todas as organizações políticas à direita do CDS, mas sobretudo do MFP-PP – na medida em que era o partido à direita do espectro político pós-revolucionário melhor estruturado e organizado, bem como com maior densidade ideológica –, trouxe consequências para a democracia portuguesa plasmadas no seu sistema político. Desde logo, forçando os partidos do centro, CDS, e até mesmo centro-esquerda, PPD, a assumirem o ónus da representação da direita política, gerando dois fenómenos concomitantes entre eles. O primeiro, consequência imediata do vazio deixado à direita no espectro político, foi o centrismo dos militantes órfãos de morada ideológica nestes partidos, originando o problema supramencionado, ao deslocar ambos para a sua direita, gerando uma tensão entre as bases militantes e as cúpulas partidárias, em que, genericamente, as direções de PPD e CDS estiveram quase sempre à esquerda dos seus eleitores. Por conseguinte, deu-se um problema de falta de representatividade política, dado o acantonamento das diversas direitas em duas famílias políticas que, efetivamente, não surgiram para as representar. Houve, portanto, deslocação permanente do centro gravitacional da política portuguesa para a sua esquerda, não por vicissitudes eleitorais, mas antes por um vazio político-ideológico que desequilibrou o sistema político português a priori.

A militância ativa de uma parte considerável de ex-dirigentes e militantes do MFP-PP é, pois, prova empírica da atualidade de grande parte dos vetores ideológicos do partido que, por via dos fenómenos sociopolíticos supracitados, acabaram por ser incluídos na agenda destes partidos, principalmente do CDS. Mormente a ideia municipalista, de descentralização de competências em detrimento do regionalismo, defendendo a unidade nacional, bem como a ideia de defesa da lavoura, sendo que a questão socioeconómica do MFP-PP apresenta similitudes com a corrente democrata-cristã do CDS, não obstante choque com as teses mais liberais, havendo, nessa matéria, maior afinidade com o PPD. Na transição de CDS para CDS-Partido Popular, o partido viria também a adotar durante algum tempo o euroceticismo do MFP-PP, ancorado na ideia de independência nacional e económica, através do reforço da produção nacional, tomando também parte na questão ultramarina, adaptada ao contexto, defendendo maior estreitamento de laços com os países lusófonos.

Essa, de resto, foi a fase com maiores similitudes entre o ideário do CDS, então Partido Popular, e o extinto MFP-PP. Não obstante, não houve nunca o preenchimento estabilizado no sistema político português da direita nacionalista democrática, de defesa do primado político sobre a economia, com um modelo socioeconómico de tendência gaullista, e de defesa da soberania nacional. (Rafael Oliveira Dias)



a habitação e a Junta de Freguesia!

25 Julho de 2023

descolonização (50 anos depois)

O historiador Rui Ramos e a descolonização: “Não fora a debilidade de Marcelo Caetano frente a meia dúzia de generais envelhecidos e a história podia ter sido outra. E talvez devesse ter sido outra”
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o fim do ultimo império!

A 27 de Julho de 1974, António de Spínola declarou que os territórios ultramarinos tinham direito à independência e à autodeterminação.
Foi o início da descolonização


sexta-feira, 26 de julho de 2024

120 camas a custos acessíveis para os estudantes deslocados...



Prometi que um ano depois  estaria aqui a perguntar pelo estado da iniciativa. Cá estou!



sobre a "cidadania" de extrema-esquerda!

coisas a que finalmente tive tempo de "aceder":
a Hipótese Comunista como "filosofia para militantes"
.
A "hipótese comunista" é um conceito desenvolvido pelo filósofo francês Alain Badiou, especialmente expresso na obra "Philosophy for Militants (Pocket Communism)". 
A ideia surge como uma reflexão sobre a possibilidade de um futuro que ressoe com os ideais de igualdade, liberdade e justiça social, em contraste, quase que renegando as "experiências" do século XX que se autodenominaram "comunistas", como as da União Soviética.
Badiou argumenta que a hipótese comunista não é apenas uma proposta política específica, mas sim uma 
maneira de imaginar e ativar um novo futuro que transcenda as limitações do capitalismo e das suas lógicas dominantes. Para Badiou, o comunismo deve ser entendido como uma hipótese que faz parte da luta histórica pela emancipação humana, e não deve ser reduzido às suas formas históricas falidas.
Assim o filosofo marxista destaca que o comunismo como hipótese implica em várias dimensões:
  1. Emancipação Coletiva: A luta por um mundo em que as condições de vida sejam igualmente asseguradas a todos, contrastando com as desigualdades do capitalismo.
  2. Novas Formas de Organização: A busca por novas formas de organização social e política que desafiem a lógica do mercado e do individualismo.
  3. Desafios ao Capitalismo: A hipótese comunista propõe um desafio permanente ao sistema capitalista e suas crises, permitindo o surgimento de novas ideias e práticas.
  4. Mudança de Paradigmas: Badiou acredita que a hipótese comunista força-nos  a repensar e parar de aceitar as narrativas predominantes que dizem que não existe alternativa ao capitalismo.
A palavra chave de Badiou para a mudança é “estimular o debate”!
A linguagem woke das actuais “cartilhas editoriais” da bolha em que vive a imprensa e onde quer que vivamos, já segue a "hipótese comunista" de Alain Badiou, que incita à reflexão sobre as possibilidades de transformação social, “estimulando o debate” sobre como reinventar as formas de vida em comum a partir da perspectiva “crítica e emancipadora” da extrema-esquerda renovar a revolução lenine-estalinista que falhou no século XX.

 

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Otelo Saraiva de Carvalho

O surgimento oficial da organização terrorista ficou marcado pela explosão de diversos petardos no dia 20 de Abril de 1980, e nos anos seguintes o grupo reivindicou ataques e assaltos que matam e ferem diversas pessoas.
Contam-se assassinatos de empresários, gestores de empresas e elementos das forças policiais. Morre também uma criança num dos atentados. Para financiar as suas atividades são assaltados bancos e carros de valores. Quatro operacionais do grupo foram mortos em confrontos com as autoridades.
Otelo Saraiva de Carvalho, um dos operacionais da revolução de Abril de 1975, foi um dos seus elementos mais conhecidos e também um dos seus mentores.
Só parte dos elementos da organização serão julgados, apesar da muita dificuldade em obter provas. As últimas detenções relacionadas com as FP’s 25 tiveram lugar em 1992.
Um perdão presidencial abrange todos os crimes cometidos pela organização, exceto aqueles que envolvem crimes de sangue.