Um PSD (24,9%) a perder pontos para outros partidos à Direita é o cenário que projeta a mais recente sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF. Que também mostra um PS (28,6%) que, sem sair do sítio, se volta a destacar no primeiro lugar. A fragilidade social-democrata é aproveitada pelo Chega (14,6%), sem rival para o terceiro lugar, e pela Iniciativa Liberal (6,7%), que está agora a escassas décimas do Bloco de Esquerda (7,1%). Seguem-se o PAN (4,8%), que se mantém à frente da CDU (3,8%), o Livre (2,9%) e o CDS (1,6%).
Se houvesse hoje eleições, e se os resultados das urnas confirmassem estes resultados, os socialistas teriam uma vitória de Pirro: porque a maioria parlamentar estaria ao alcance do conjunto de partidos mais à Direita, que somam 47,8 pontos, e não dos partidos mais à Esquerda, que se ficariam pelos 42,4 pontos. Mesmo a junção do PAN a uma espécie de "frente popular" seria insuficiente (em termos percentuais) para garantir a maioria a um Governo liderado pelos socialistas.
Qual seria a alternativa?
Se um quarto Governo consecutivo do PS parece, neste cenário, uma miragem, que hipótese teria o PSD de oferecer uma alternativa sólida? Mantendo-se as garantias do atual líder, Luís Montenegro, de que não haverá um Governo social-democrata que dependa do Chega, não teria nenhuma: o bloco à Direita, com o CDS (que neste momento está fora do Parlamento), mas sem o Chega, somaria uns curtos 33,2 pontos percentuais. Refazendo as contas para lhe juntar o PAN (a exemplo do que sucedeu, entretanto, na Madeira), seriam 38 pontos, de novo insuficiente para bater o conjunto da Esquerda.
Cenários à parte, esta sondagem volta a mostrar as fragilidades do PSD (e do seu presidente, Luís Montenegro, arrasado na avaliação aos líderes partidários), quer quando a comparação se faz com a sondagem de julho passado (perde quase três pontos), quer quando se faz com o resultado das últimas legislativas (perde um pouco mais de quatro pontos).
Recordes à Direita do PSD
Ao contrário, fica patente a força crescente do Chega. O partido de André Ventura teria agora o dobro dos votos que obteve em janeiro de 2022. Acresce que, quando se analisam os diferentes segmentos da amostra, percebe-se que os radicais de Direita já não se limitam ao último lugar do pódio: entre os residentes na região Sul e ilhas estão em segundo lugar, à frente do PSD; e entre os eleitores entre os 35 e os 49 anos, em primeiro, mesmo que apenas com uma décima de vantagem sobre o PS (note-se que, dada a pequena dimensão destes segmentos, a "margem de erro" é muito superior aos 3,5% do total da amostra).
Outro dado digno de destaque, e que prova a fragilidade atual do PSD, é que a soma de Chega e Iniciativa Liberal ultrapassa, nesta altura, os 21 pontos percentuais, um cenário nunca visto nas bancadas parlamentares, nem à Direita dos sociais-democratas (o máximo foram os 16% do CDS em 1976), nem à Esquerda do PS (o máximo foram os 18,8% da APU, a coligação comunista de 1979). Sendo que os liberais de Rui Rocha estão a crescer, quer em relação à sondagem de julho, quer quando a comparação se faz com as últimas legislativas (quase dois pontos).
Regularidade socialista
Analisando os resultados do PS nas quatro sondagens que a Aximage já fez este ano para o DN, JN e TSF, fica clara a regularidade: nunca baixou dos 27 pontos, nunca superou os 29. Foi quanto bastou para perder o primeiro lugar em abril, mas também para garantir, agora, uma vantagem de quase quatro pontos sobre os sociais-democratas. Mas as notícias não são tão boas quando a comparação se faz com as últimas legislativas, em que conquistou a maioria absoluta: perde mais de 12 pontos.
À sua Esquerda, os cenários são distintos. O Bloco de Esquerda, apesar da quebra de um ponto face a julho (quando Mariana Mortágua era uma novidade na liderança), está quase três acima do que conseguiu nas urnas em janeiro de 2002. O PCP (ou a sua marca eleitoral, a CDU) de Paulo Raimundo agoniza nos 3,8%, melhor do que julho, pior do que nas legislativas. E, finalmente, o Livre de Rui Tavares duplicaria o resultado das últimas eleições.
Entre os dois blocos está o PAN que, com Inês Sousa Real aos comandos, parece recuperar o fôlego. Se as eleições fossem agora, ficaria mais de três pontos acima das últimas legislativas.