Um dia após a Câmara Municipal de Lisboa ter anunciado que a nova ponte sobre o Trancão receberia o nome de Dom Manuel Clemente, o ciclo noticioso foi dominado por uma petição da “sociedade civil” contra o nome da ponte. Essa petição foi seguida quase desde o primeiro instante por quase toda a comunicação social. O aumento do número de assinaturas ia sendo assinalado nos media com evidente regozijo. A TSF chegou a anunciar a ressurreição do "activismo cívico".
Confesso que fiquei bastante curioso com toda esta atenção. Já promovi bastantes petições, por assuntos de maior relevância que uma ponte pedonal, com um número bastante superior de assinaturas, e nunca tinha visto qualquer reacção por parte da comunicação social. Por isso fui tentar perceber o que poderia ter de tão especial esta petição, para com mil assinaturas ter direito a cobertura televisiva.
A primeira coisa que descobri, sem grande esforço, é que quando falavam em activismo cívico estavam de facto a falar de activismo partidário. Os promotores da tal petição (que já tinham promovido uns cartazes durante a JMJ), eram militantes do Bloco (assim como as estruturas usadas nos tais cartazes, diga-se de passagem). Estes dados já ajudavam a explicar parte do interesse da Comunicação Social (que passou o dia seguinte a ignorar uma petição em sentido contrário, que crescia ao mesmo ritmo que a do “activismo cívico”). Mesmo assim, mesmo para uma petição do Bloco, a cobertura mediática estava mais forte do que habitual.
O mistério resolveu-se ao perceber quem era Tiago Rolino, que deu a cara corajosamente por esta petição. Tiago passou o dia a explicar que a petição não era contra a Igreja, era pelo respeito às vítimas. Mesmo sabendo que tinha escrito uma petição onde mentia descaradamente sobre o Patriarca de Lisboa. O nosso corajoso activista é um investigador do CES, ou seja, um discípulo de Boaventura Sousa Santos. Ou seja, a personagem que difamou o Patriarca de Lisboa, em nome das vítimas, é discípulo do homem que durante anos abusou sexualmente de alunas, com a cobertura da mesma instituição onde Tiago Rolino trabalha. Pelos vistos a ele só lhe interessam algumas vítimas, as do seu mestre não o parecem preocupar.
Também por total coincidência, a publicação da petição do investigador do CES, que ocupou todo o ciclo noticioso, abafou a notícia de que o livro que acusava Boaventura Sousa Santos de ter abusado, com a conivência do CES, de várias mulheres, tinha sido suspenso por ameaças legais do profeta de Coimbra. Ou seja, no dia em que se sabe que as vítimas de Boaventura e do CES estão a ser silenciadas, temos um dos seus investigadores a falar das vitimas de outros todo o dia na televisão. E assim se contruiu uma “movimentação cívica”, que permitiu abafar mais um escândalo do CES.
Pelo caminho, a comunicação social foi ignorando a petição “JMJ: saudação e apelo aos presidentes da Câmara de Lisboa e Loures” que em menos de 24 horas, e sem qualquer apoio da CS, recolheu quase 8 mil assinaturas. O silenciamento chegou ao ponto de a TSF ter falado comigo sobre a petição e depois não ter publicado qualquer das declarações que recolheu. Entretanto, de forma misteriosa, quando esta petição começava a ganhar tracção o site da Petição Pública esteve quase um dia inteiro em baixo. E a petição que estava a avançar a ritmo galopante, estagnou.
Por tudo isto é essencial continuar a assinar e a difundir a petição “JMJ: saudação e apelo aos presidentes da Câmara de Lisboa e Loures”. Porque é importante demonstrar que há realmente uma sociedade civil, que não está refém dos interesses do Bloco nem do Profeta do CES. Aquilo a que assistimos foi a um linchamento público do Senhor Patriarca, baseado em falsidades e promovido por quem quer esconder os seus próprios esqueletos. Temos o dever de deixar claro que não ficaremos reféns de tal gente. José Maria Seabra Duque