A corrupção retratada na acusação do
processo Marquês é um crime insidioso, pago duplamente pelos cidadãos de um
País que recebem em troca um pior serviço do Estado. Por causa dos crimes em
causa neste processo, uma grande empresa nacional, a PT, foi submergida num
negócio de conveniência para um grupo de accionistas gananciosos. Sim, quando se
dizia que Ricardo Salgado era dono disto tudo, era mesmo verdade. Controlava um
império financeiro, que através de generosas luvas dominava um
primeiro-ministro com maioria absoluta no Parlamento. Os contribuintes também
pagam a dolorosa conta das imparidades bancárias do BES e da Caixa Geral de
Depósitos. Na administração do banco público, Sócrates colocou o amigo Vara,
que concedeu um empréstimo ao Vale do Lobo a troco de luvas. Salgado, que
pagava generosos prémios aos gestores que controlava na PT e ao
primeiro-ministro, também concedeu créditos milionários sem garantias aos
aliados na guerra contra a OPA da Sonae. Nesse negócio cimentou-se uma trágica
aliança entre Salgado e Sócrates, que acabou no resgate da troika e no fim de
um império financeiro de pés de barro. Os acusados deste processo enriqueceram,
mas milhares de pessoas perderam empregos e milhões ficaram mais pobres. Ainda
pagamos estes crimes numa factura muito cara. (in Opinião
CM)