Tanta felicidade quase que emociona.
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Por mim, dado o estado do país,
prefiro líderes preocupados do que líderes contentes. Dão-me mais confiança.
Mas sei que pertenço a uma minoria. A maioria dos portugueses gosta de líderes
felizes. Sobretudo depois de quatro anos de “austeridade.”
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Marcelo e Costa acreditam que gozam
do talento de usar a retórica adequada para mudar o humor dos portugueses. E
não é um talento menor, longe disso.
Quando olhamos para fotografias dos
dois juntos, sentados em Belém ou na escadaria de São Bento (gosto de perder
algum tempo a olhar para as fotografias, dizem muito), transpira uma imensa
felicidade. Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa são dois homens felizes
(parecem a versão política do “Sr. Feliz e do Sr. Contente“). Fazem-me lembrar
dois meninos que receberam os brinquedos dos seus sonhos. Cada vez que olho
para uma fotografia dos dois, o desafio é tentar perceber qual deles está mais
feliz.
Tanta felicidade quase que emociona.
…
Por mais boa vontade e voluntarismo
que haja, o factor central da política portuguesa continua a ser o extremo
endividamento do país. O sector público, o sector privado, o sistema
financeiro, as famílias, estão todos endividados. Um país afogado em dívidas,
sem moeda própria, perde poder e depende dos seus credores. Posso estar
enganado, mas desconfio que nem Marcelo nem Costa, com todo o talento político
que possuem, serão capazes de alterar a realidade. (por João Marques de
Almeida no Observador)