terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Não acredito em bruxas. Pero que lASAE...lASAE


A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) ‘aconselhou’ a centenária fábrica das amêndoas de Portalegre a encerrar as portas, por falta de espaço, disse hoje a proprietária da unidade, Joaquina Vintém
«A ASAE exigiu que a fábrica tivesse mais espaço para poder laborar e nós não temos para já essas condições. Por isso, aconselhou-nos a encerrar», declarou.

A empresa, que trabalhava sazonalmente, já cessou a actividade junto dos serviços de finanças de Portalegre.
As amêndoas de Portalegre, produzidas de forma artesanal, constituem um dos ‘cartões de visita’ da região, sobretudo na época da Páscoa.
Todos os anos, pela época do Carnaval, Joaquina Vintém, também conhecida pela confecção de doçaria conventual, começava a trabalhar nas amêndoas pascais, com grande procura na Grande Lisboa e no Grande Porto.
«Ainda solicitei aos agentes da ASAE se poderia fazer, em menor quantidade, umas amêndoas para agradar aos clientes e para que a tradição não se quebrasse, mas a resposta foi negativa», lamentou.
No entanto, a única família da região de Portalegre que fabrica as tradicionais amêndoas promete não baixar os braços e, talvez, segundo Joaquina Vintém, regresse já no próximo ano à laboração.
Um dos filhos de Joaquina Vintém prevê construir, na zona industrial da cidade, uma fábrica para produzir doces conventuais, que poderá integrar a produção das tradicionais amêndoas de Portalegre.
Enquanto as amêndoas de Portalegre não regressam ao mercado, Joaquina Vintém promete guardar o segredo da produção deste doce a «sete chaves».
Confeccionadas à base de amêndoas provenientes de amendoeiras da região, este doce, confeccionado em redor de duas caldeiras aquecidas (género betoneiras), era unicamente produzido pela empresária e o marido.
Nessas caldeiras, que rodam sem parar cerca de oito horas, tempo que dura a produção, o casal colocava açúcar e chocolate suficiente até a amêndoa ganhar a textura e o seu tamanho normal.
As caldas eram produzidas à parte, em tachos de cobre.
No ano passado, as amêndoas de Portalegre tinham um preço de mercado de dez euros o quilograma, sendo também comercializadas em pacotes de 250 gramas.
Lusa / SOL