“Em Portugal, André Ventura é um dos poucos líderes partidários que compreendeu a ameaça cultural.
Podemos usá-lo como exemplo de como é possível dar-lhe seguimento político. Vamos ver isso olhando para dois dos assuntos mais discutidos por ele: a imigração e a segurança.
Estes dois assuntos, que escolheu e que o distinguem, acertam no coração do fanatismo woke. O debate sobre imigração desmonta a fantasia do multiculturalismo. Como é que o faz? Descendo ao concreto. Levando as pessoas a pensar: quais culturas são compatíveis com a nossa?, em que circunstâncias?, pelo turismo?, pelo comércio?, pelo trabalho? Todas estas dúvidas e possibilidades foram limitadas até à chegada do Chega e, sobretudo, até que Ventura elegesse com ele 50 deputados à Assembleia da República. Contra a força deste pequeno exército, tornou-se impossível manter a censura sobre a discussão, e o estigma sobre quem se atrevesse a duvidar. O debate sobre segurança devolve a autoridade ao Estado, tirando-a do relativismo e dos sentimentos (para onde a liturgia woke a levou e onde a pretendia manter). Por outras palavras, o debate sobre segurança reduz a autoridade hierárquica e brutal dos criminosos, e a autoridade fáctica dos grupos de pressão – ou seja, dos Climáximos, das “plataformas”, “núcleos” e “colectivos” onde a extrema-esquerda vive mal disfarçada.” (Margarida Bentes Penedo)