As eleições antecipadas que a maioria dos portugueses acreditam vir a acontecer se o Orçamento doEstado para 2025 não passar na Assembleia da República pouco alterariam os impasses dos últimos meses. Segundo uma sondagem da Aximage para o DN, realizada entre 30 de setembro e 5 de outubro, a vitória da Aliança Democrática (AD), com 32,1% de intenções de voto, distanciando-se do PS (28,6%) e beneficiando da queda do Chega (15,1%), não bastaria para a coligação liderada por Luís Montenegro governar com maioria absoluta, ainda que fizesse um acordo com a reforçada Iniciativa Liberal (IL), que apresenta 6,3% das intenções de voto.
A subida da coligação de centro-direita em relação aos 28,9% das legislativas, enquanto os socialistas aumentariam menos de um ponto percentual os 28,0% que foram um dos seus piores resultados eleitorais, indicia que os portugueses valorizaram mais a prestação de Luís Montenegro do que a de Pedro Nuno Santos na prolongada e incerta negociação orçamental. Sobretudo tendo em conta os resultados do anterior barómetro da Aximage, feito em julho. Nessa altura, o PS tomara a dianteira, com 29,5% de intenções de voto, contra 27,6% da AD, enquanto o Chega subira aos 17,5%.
Para o reforço dos vencedores das legislativas, que nesta sondagem ficam à frente do PS em todo o país menos no Centro (0,9 pontos percentuais), com 14,4 de vantagem no Norte, 5,1 na Área Metropolitana do Porto, 4,2 no Sul e ilhas e 0,3 na Área Metropolitana de Lisboa, contribui a quebra do Chega. Não só no habitualmente difícil Norte (9,2%), mas também no Sul e ilhas (13,8%), onde tende a ser forte, embora o partido de André Ventura tenha intenções de voto elevadas no Centro (18,3%) e nas Áreas Metropolitanas de Lisboa (16.0%) e do Porto (15,9%).
Fora desses três partidos pouco muda. A IL atinge 6,3%, bastante acima dos 4,9% nas legislativas, mas aquém dos 7,1% de intenções de voto em julho, o Bloco de Esquerda recupera para 5,5%, o Livre fixa-se em 3,5% e a CDU desce para 3,0%, o que seria um novo mínimo eleitoral dos comunistas. Mais abaixo só o PAN, com 2,3%, que, no mínimo, deveriam garantir-lhe a manutenção na Assembleia da República. Mas as quatro últimas forças, à exceção dos bloquistas, recuam em relação ao barómetro anterior da Aximage.
A melhoria de resultados da AD, que nesta sondagem lidera tanto no eleitorado masculino como no feminino - o único partido com grande desequilíbrio de género é o Chega, que tem 21,1% de intenções de voto entre os homens e apenas 8,8% entre as mulheres -, tem nas suas bases o alargamento do fosso que separa a coligação do maior partido da oposição no que toca ao eleitorado mais jovem. Dos inquiridos entre os 18 e os 34 anos, 32,2% optam pela AD, contra 19,5% do PS, pouco à frente do Chega (17,9%), enquanto a IL fica com precisamente 10%. E se o partido de André Ventura lidera entre quem tem 35 a 49 anos, os socialistas só mantêm a habitual vantagem destacada nos mais velhos: 39,4% dos que têm 65 anos ou mais votariam PS e 35,2% na AD, com o Chega distante (7,6%).
Idêntica dicotomia ocorre nas condições económicas, pois a AD tem uma vantagem sobre o PS nos mais abastados, das classes A/B (40,8%-22,8%), praticamente simétrica ao avanço que os socialistas apresentam nos mais pobres, da classe D: 40,4% contra 20,1%.