terça-feira, 21 de março de 2023

TAP volta aos lucros: 65,6 milhões de euros

Cinco anos depois...
No terceiro trimestre do ano passado, a TAP já tinha apresentado um resultado positivo de 111,3 milhões de euros, após um prejuízo de 202 milhões no primeiro semestre. Em 2022, o corte extraordinário sobre os salários dos trabalhadores estava ainda em 25% (agora é de 20%) no montante acima dos 1410 euros.
                                  
Desde 2017 que a transportadora aérea não dava lucros (nesse ano, o resultado foi de 100,4 milhões). Nos dois exercícios anteriores a 2022, com os impactos da pandemia de covid-19, os prejuízos acumulados atingiram os 2829,4 milhões de euros (o pior foi 2021, com perdas de 1599,1 milhões).
“Durante o quarto trimestre de 2022 a TAP foi capaz de gerar as receitas trimestrais mais elevadas da sua história e uma rentabilidade recorde, apesar dos contínuos desafios operacionais", adiantou a ainda presidente executiva da companhia, Christine Ourmières-Widener, citada em comunicado. Nesse trimestre, as receitas chegaram aos 1044,8 milhões de euros, equivalente a 30% do total do ano. A meta de chegar aos lucros foi atingida antes do que estava planeado no plano de reestruturação, que previa esse objectivo em 2025.
Os gastos operacionais também subiram em 2022, para 3216,8 milhões, com destaque para as despesas com combustível, com mais 756 milhões, mas ficaram abaixo das receitas (só os proveitos com passagens foram de 3072 milhões, havendo ainda que somar a carga e correio, manutenção e outras receitas complementares).
Naquele que foi o primeiro ano completo do seu plano de reestruturação, destacou a gestora, a TAP gerou um "lucro líquido positivo muito forte, tendo em conta o seu nível de alavancagem” e também "um lucro operacional que é um recorde histórico para a empresa", com o EBIT (lucro antes de juros e impostos) a fixar-se nos 268,2 milhões.
De acordo com a empresa, a TAP transportou 13,8 milhões de passageiros no ano passado, mais 136,1% face a 2021 (ano com fortes efeitos da pandemia), "atingindo 81% dos níveis de 2019". Já o "load factor" (taxa de ocupação dos aviões) melhorou 17 pontos percentuais face a 2021, atingindo 80%, e ficou apenas "0,1 pontos percentuais abaixo do nível de 2019".
Mudanças na TAP
Esta terça-feira à tarde, 21 de Março, a presidente executiva da TAP, que permanece em funções por mais uns dias, ainda vai participar na apresentação de resultados a analistas e investidores (detentores de obrigações, estando para breve uma nova emissão), ao lado do administrador financeiro, Gonçalo Pires. No entanto, não foi marcada nenhuma conferência de imprensa, ao contrário do que tem sido a norma da TAP.
Desde o anúncio do seu afastamento na sequência dos resultados do relatório da IGF sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis (que terá de devolver 450 mil, por se considerar o acordo como nulo), Ourmières-Widener ainda não se pronunciou publicamente sobre o caso, mas a gestora já contratou uma advogada para se defender neste processo.
O presidente do conselho de administração, Manuel Beja, também foi afastado. O Governo já anunciou que o novo líder da transportadora aérea será Luís Rodrigues, que era até aqui presidente da açoreana SATA e que já foi administrador executivo da TAP.
A empresa, alvo de apoios públicos de 3200 milhões de euros, está prestes a iniciar o seu processo de reprivatização, de acordo com o que foi anunciado pelo Governo.
No início de Fevereiro, o ministro das Finanças, Fernando Medina, afirmou que o dossiê da abertura de capital da TAP a privados ia “em breve” a Conselho de Ministros.
“O Governo está a desenvolver os trabalhos prévios e necessários para poder dar início ao processo de privatização da TAP”, adiantou o ministro.