Hortense Martins continua alegremente deputada da nação depois de o Ministério Público ter dado como provado que
ela falsificou uma assinatura para fingir que já não era gerente de uma empresa quando era deputada em regime de exclusividade. Essa assinatura falsa custou-lhe mil euros – e nenhuma consequência mais.
ela falsificou uma assinatura para fingir que já não era gerente de uma empresa quando era deputada em regime de exclusividade. Essa assinatura falsa custou-lhe mil euros – e nenhuma consequência mais.
O caso tem a originalidade de juntar a falta de sentido ético de uma deputada à falta de sentido ético de uma procuradora do Ministério Público, que propôs o arquivamento de um processo de falsificação de documentos onde eram arguidos a deputada e o seu pai (...).
O despacho é dois em um. Torna (1) a falsificação irrelevante porque (2) arquiva ao mesmo tempo o processo com o qual ela estava relacionada – uma suspeita de fraude na obtenção de fundos comunitários para a construção de um centro de eventos e de um turismo rural.
O dinheiro, como é hábito na terra, veio de gente do PS a distribuir fundos por gente do PS, mas com este problema irritante: ambos estavam em funcionamento e os subsídios não podiam ser atribuídos a obras já concluídas.
Solução: desconcluir as obras. Bastaram 1500 euros em prateleiras por pendurar para Hortense receber 171 mil euros da Europa (e outros 105 mil depois).
E o que disse sobre isto a senhora procuradora? Disse que sim, que tinha acontecido, tal como a assinatura forjada – mas que faz parte da tradição nacional. Ocorreu em “muitas outras operações” (...).
Por um acaso do destino, a deputada socialista Hortense Martins é esposa do socialista Luís Correia, que, coitado, perdeu recentemente o mandato como presidente da Câmara de Castelo Branco por não ter reparado que estava a assinar contratos com a empresa do próprio pai. Luís deve andar a morrer de ciúmes da procuradora de Hortense. E tem razões para isso.” João Miguel Tavares Público, 22/09/2020