“Argumenta o Medina que em Belém “não há nenhuma retirada de nenhum brasão” porque as flores já não estão lá há muito tempo. Ou seja Fernando Medina recorre ao desleixo da autarquia que dirige para justificar a mudança nos jardins de Belém.
O sentimento de impunidade do Medina é tal que nem sequer concebe que se lhe pergunte: o desleixo nos jardins de Belém foi intencional?
Visou que os brasões se degradassem de tal modo que a sua recuperação fosse apresentada como impossível?
O que está a acontecer com os brasões do jardim em frente as Jerónimos é a mais recente manifestação da táctica de primeiro deixar degradar para em seguida apresentar o desaparecimento como um facto consumado, seguida pela esquerda em relação aos espaços que considera serem memória do Estado Novo. Naquela zona de Lisboa a mesma táctica já foi utilizada com particular sucesso no caso do Museu de Arte Popular.
Encerrado logo em 1974, o Museu de Arte Popular reabriu nos anos 80. Para arrelia do progressismo, os visitantes acorriam em massa para ver os arados, cabanas de pastores, barros, linhos, bonecos de Estremoz, as estranhas figuras saídas das mãos de Rosa Ramalho, cestos, carros chorriões do Alentejo… que associavam à sua vida e à dos seus pais e avós e não ao Estado Novo. [.]
Percebe-se portanto o espanto do Medina perante a reacção que a retirada dos brasões da Praça do Império está a gerar:
a táctica que tantos e tão bons resultados tem dado irá falhar desta vez?
Não pode ser!
( in “ São Flores Senhores São Flores “ por Helena Matos)