sábado, 13 de setembro de 2025

Charlie Kirk e o Combate pelas Ideias

Foi, acima de tudo, um combatente das ideias. Num tempo dominado pelo ruído, pela histeria mediática e pela criminalização do pensamento dissidente, destacou-se por cultivar o debate com civilidade, inteligência e serenidade — qualidades que hoje parecem revolucionárias. Não era um agitador, nem um mercador de ressentimento; era alguém que acreditava que a política só faz sentido quando assenta em princípios, e que os princípios só valem quando defendidos com coragem.
Representava uma geração de conservadores que não se resigna a ver o Ocidente dissolver-se num caldo de relativismo moral e cultural. Acreditava na liberdade individual, na responsabilidade pessoal, na primazia da comunidade e da família, e numa ordem social assente na herança civilizacional do Ocidente. Combateu o conformismo, a censura e a decadência moral que tantos já tomam como inevitáveis — e fê-lo com a firmeza tranquila de quem sabe que a civilização não se defende de joelhos.
Charlie Kirk era um combatente das ideias, era civilizado, inteligente, tranquilo. Morreu ‘a combater o bom combate’ ao serviço da sua fé, do seu país, das suas convicções – e da sua e nossa liberdade”[1]. E é precisamente por isso que a sua morte é mais do que uma tragédia pessoal: é um sinal de alarme.
Um Combatente das Ideias
Era frequentemente descrito como um "combatente das ideias", alguém que se dedicava a promover e defender as suas convicções com inteligência e civilidade. Acreditava que a luta pela liberdade e pelos valores conservadores era essencial para a preservação da civilização ocidental. A sua abordagem tranquila e racional, mesmo em debates acalorados, destacava-se num ambiente político muitas vezes polarizado.
Kirk via nos seus opositores da extrema-esquerda não apenas adversários políticos, mas como inimigos da civilização que muitos consideramos como nossa. Argumentava que esses inimigos não hesitavam em exigir, de forma metafórica, o "sangue" dos que defendem a liberdade e a razão. Esta retórica sublinha a gravidade que ele atribuía à luta ideológica, considerando-a uma batalha pela sobrevivência dos valores que sustentam a sociedade. Lembro, em Portugal, o racista Mamadu Baa do SOS e o comentador-activista Daniel Oliveira da SIC.
Um dos pilares da filosofia kirkiana era a crença de que a liberdade de expressão deve ser absoluta. Para ele, qualquer limitação a essa liberdade era inaceitável e representava um ataque à própria essência da democracia. A sua morte foi interpretada como um "acto de guerra" contra a civilização ocidental judaico-cristã, um ataque que não apenas silenciou uma voz proeminente, mas que também lançou uma sombra sobre a possibilidade de #discordância pacífica na sociedade.
O assassinato de Charlie Kirk não é apenas um crime isolado; é um reflexo de uma crise mais ampla que afecta a sociedade e simboliza a crescente intolerância e a violência que pode surgir em resposta a ideias divergentes. A sua luta pela liberdade de expressão e pela defesa dos valores conservadores agora ressoa como um chamado à acção para aqueles que acreditam na importância do debate civil e na protecção das liberdades individuais.
Porque os seus inimigos não são meros opositores políticos — são os inimigos da própria civilização a que pertencemos. “Os inimigos de Charlie Kirk são os inimigos da civilização a que costumávamos chamar nossa, são os nossos inimigos e, sem vestígio de pudor, exigem pouco metaforicamente o nosso sangue” [2].
O assassínio de Charlie Kirk é, por isso, mais do que um crime: é uma declaração de guerra. Uma guerra contra a liberdade de pensamento, contra a possibilidade de discordar sem temer pela própria vida. E aqui não pode haver equívocos, nem relativismos morais, nem a confortável indecisão dos que tremem perante o mal. 
A liberdade de expressão é absoluta ou não é nada. O assassínio de Charlie Kirk não é só um crime: é uma declaração de guerra contra a nossa civilização, contra o Ocidente, contra a razão, contra a possibilidade de discordar sem temer pela própria vida. Não há ‘mas’, não há adversativas para a monstruosidade de um acto tão hediondo; quem se refugia nestas fórmulas cruzou a fronteira da complacência com o assassino, abandonando a decência e a coragem que distingue o cidadão do submisso[3].
Esta verdade foi compreendida há mais de um século por Bertrand Russell, ao escrever que “a liberdade de opinião só pode existir quando o governo considera vantajoso que as pessoas pensem por si próprias; quando a teme, reprime-a. E uma comunidade onde ela é reprimida não pode permanecer progressiva por muito tempo[4]. A lição permanece actual: uma sociedade que não protege as vozes dissidentes condena-se à estagnação e, por fim, à tirania. John Milton advertira em 1644, no seu célebre Areopagitica A Speech for the Liberty of Unlicensed Printing to the Parliament of England", que “aquilo a que chamamos liberdade de expressão… não pode ser confiado com segurança ao julgamento de nenhum poder terreno, sem risco de se transformar em servidão[5]. E Salman Rushdie, que viveu sob ameaça de morte por exercer essa mesma liberdade, lembrou que “free speech is the whole thing, the whole ball game. Free speech is life itself” — “a liberdade de expressão é tudo, é o jogo inteiro. A liberdade de expressão é a própria vida” [6].
A morte de Charlie Kirk impõe-nos uma escolha: ou aceitamos que a violência silencie as ideias, ou decidimos, como ele, combater o bom combate: 
Pela liberdade, pela verdade, pela civilização.

Referências
(José Costa-Deitado, in ReVisões)
[4] Bertrand Russell — Free Thought and Official Propaganda (1922)
[5] John Milton — Areopagitica (1644)
[6] Salman Rushdie — entrevista citada em Freedom Forum